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Brasileiro na Venezuela defende confronto contra "comunismo disfarçado de democracia"

Do UOL, em São Paulo e Caracas

16/04/2013 13h37

Após a proclamação de Nicolás Maduro como presidente eleito da Venezuela, na segunda-feira (15), a cidade de Chacao, reduto do candidato opositor Henrique Capriles  enfrentou uma série de protestos, que incluíram panelaços e confrontos com a polícia. Em meio à tensão, a reportagem do UOL encontrou um brasileiro que mora na Venezuela e que votou em Capriles. Segundo o taxista Jorge Santos de Góes, "há 15 anos que o país vai para trás". "Não existe progresso", disse. Góes acredita que houve fraude nas eleições de domingo (14) e diz defender o confronto entre chavistas e opositores. "As pessoas têm que lutar por aquilo que elas creem... Eu tenho uma filha e não quero que ela cresça nesse tipo de mentira, de engano, de comunismo disfarçado de democracia".

A violência decorrente da contestada eleição presidencial da Venezuela já deixou quatro mortos, afirmou nesta terça-feira (16) a agência de notícias estatal AVN.

UOL NA VENEZUELA

  • "Se ganho por um voto, ganhei", diz Maduro em discurso de vitória

  • Partidários de Capriles montam barricadas e fazem panelaço

  • Chavistas celebram proclamação de Maduro e criam teorias para vitória apertada

Herdeiro político de Hugo Chávez, Nicolás Maduro foi eleito no domingo (14) com 50,7 % dos votos, derrotando o candidato da oposição, Henrique Capriles, que obteve 49,1 %, uma disputa mais apertada que o previsto.

UOL testemunha protestos

Ontem, partidários de Capriles saíram, no começo da noite, as ruas do bairro de Altamira, no município de Chacao, na Grande Caracas, para protestar contra o resultado da eleição. Além de fazerem um panelaço, os manifestantes, que consideram a eleição fraudulenta, também montaram barricadas. A Guarda Nacional Bolivariana chegou a montar guarda em algumas ruas e disparar bombas de gás lacrimogêneo.

A reportagem do UOL chegou a testemunhar a explosão de uma bomba em uma das ruas. Por sorte, ninguém ficou ferido.

Durante o protesto, os manifestantes gritavam palavras de ordem e cantavam coisas como "vai cair, vai cair, o governo vai cair" e "cada vez mais mil chega por Capriles".

Por causa da manifestação, o metrô e as linhas de ônibus da região foram suspensas. Os restaurantes e o comércio fecharam as portas.

Capriles convocou panelaço

Capriles havia convocado um "panelaço" de protesto contra a proclamação do candidato chavista, que foi anunciada pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) na tarde de segunda-feira (15).

O protesto foi convocado durante uma coletiva de imprensa do candidato oposicionista. Durante seu pronunciamento, ele disse que o CNE proclamou "uma pessoa ilegítima" como presidente do país, porque não fez a recontagem dos votos antes de tomar esta ação.

Além disso, Capriles pediu que seus eleitores se mobilizem nesta terça (16) para ir "a cada escritório, cada junta regional eleitoral do país, em todos os Estados", e pedir formalmente que os votos de cada urna sejam recontados.

Capriles disse que essa era a primeira parte dos próximos passos tomados para pedir a recontagem total dos votos.

Avisou a seus eleitores "e a todos aqueles interessados em saber a verdade do que aconteceu na Venezuela" que, de posse de todos os protocolos e requerimentos feitos por todo país, irá entregar ao CNE na quarta-feira (17) o pedido formal de recontagem dos votos, "acompanhado de quem puder estar do meu lado nesta caminhada".

O candidato oposionista disse que "aceitará qualquer resultado que resulte da recontagem", mas que se não for atendido no pedido de recontar "cada voto de cada urna do país", irá recorrer a  "instituições internacionais".