Biden chega a cidade polonesa perto da Ucrânia; Rússia anuncia ida à China
O presidente dos Estados, Joe Biden, chegou, por volta das 10h, horário de Brasília, à Polônia, para uma visita a Rzeszow, cidade a cerca de 80 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. Está é a segunda etapa da viagem de Biden após participar de uma cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e outras reuniões com líderes europeus em Bruxelas, na Bélgica.
Enquanto Biden viaja à Polônia em razão da invasão russa à Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, terá uma viagem à China na próxima quinta-feira (31). Os chineses são aliados da Rússia e não condenaram a invasão, que chegou hoje a seu 30º dia.
A viagem do chanceler russo foi anunciada em meio a uma série de encontros na Europa entre líderes de países que apoiam a Ucrânia. Nesta sexta (25), Biden fechou um pacto com a Europa para substituir o gás russo.
Em documento divulgado hoje, após as reuniões de ontem, o Conselho Europeu exigiu que a Rússia "cesse imediatamente a sua agressão militar" no território ucraniano e que "respeite plenamente a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia". A ONU (Organização das Nações Unidas) também alertou alerta para atos que poderiam constituir crimes de guerra. O governo russo nega ter violado "qualquer convenção internacional" na invasão e minimizou a proposta americana de retirar a Rússia do G20.
Relatório da inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido indicou hoje que "os contra-ataques ucranianos e as forças russas recuando nas linhas de abastecimento sobrecarregadas permitiram à Ucrânia reocupar cidades e posições defensivas até 35 quilômetros a leste de Kiev". O Ministério da Defesa da Ucrânia também disse que a atuação de suas forças em Chernihiv, no norte do país, "impede o avanço do inimigo na direção de Kiev".
Nesta sexta (25), o governo ucraniano anunciou corredores humanitários que farão a evacuação de sua população. Alguns deles atenderão moradores de Mariupol, cidade portuária que está sitiada —hoje, autoridades do município estimaram em 300 o número de mortos no ataque a um teatro na semana passada, e a ONU diz ter relatos de valas comuns em Mariupol. Em Kharkiv, segunda maior cidade do país, há relato de um ataque com ao menos quatro mortes em um centro de ajuda humanitária.
Biden na Polônia
Por volta das 10h50, horário de Brasília, Biden desembarcou do Air Force One, que pousou no aeroporto de Rzeszow. O presidente dos Estados Unidos será recebido pelo presidente polonês, Andrzej Duda. Biden faz uma viagem de emergência à Europa, motivada pela guerra na Ucrânia.
O presidente americano ainda deverá encontrar soldados americanos posicionados na região. Atualmente, mais de 100 mil militares americanos estão presentes na Europa.
Depois, Biden seguirá para Varsóvia, capital da Polônia, onde pronunciará um discurso "sobre os esforços unidos do mundo livre para apoiar o povo ucraniano", ainda de acordo com a Casa Branca.
Almoço com soldados
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou nesta sexta-feira soldados americanos destacados perto da fronteira da Polônia com a Ucrânia, chamando-os de "a melhor força de combate da história do mundo".
Biden comeu pizza com alguns membros da 82ª Divisão Aerotransportada das Forças Armadas dos EUA, enviados para a Polônia com o objetivo de reforçar o lado leste da Otan após a invasão russa da Ucrânia.
"Muito, muito obrigado por tudo o que estão fazendo. Vocês são a melhor força de combate da história do mundo", disse o presidente aos soldados do lado de fora do aeroporto da cidade polonesa de Rzeszow, localizada a cerca de 100 quilômetros da fronteira ucraniana.
O mandatário contou aos militares uma história sobre como seu filho Beau, que morreu em 2015, não queria usar o sobrenome Biden para evitar chamar a atenção quando foi enviado como combatente na guerra do Iraque.
Vestido sem gravata e claramente de bom humor, Biden disse aos soldados que queria almoçar com eles e imediatamente pegou uma fatia de pizza de pepperoni e pimenta-jalapenho, cujo tempero trouxe lágrimas aos olhos.
O presidente conversou animadamente com os militares e, em seguida, passou por diversas mesas para cumprimentá-los.
Pouco antes, Joe Biden visitou uma sala onde 14 militares esperavam para cortar o cabelo, e brincou que se ele fosse ao cabeleireiro, não haveria "muito" para cortar.
Lavrov na China
Segundo o governo russo, Lavrov irá à China para participar da terceira conferência ministerial dos países vizinhos do Afeganistão, que acontece em 31 de março, em meio à invasão russa ao território ucraniano.
O ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que "a reunião será uma boa oportunidade para discutir questões de coordenação de esforços regionais para assistência humanitária e socioeconômica ao Afeganistão". "Bem como para comparar abordagens para combater as ameaças da disseminação do terrorismo e do tráfico de drogas provenientes do território afegão", completou o ministério.
Aliada da Rússia, a China tem comprado petróleo russo barato, produto que é alvo de sanção por parte de países que apoiam a Ucrânia.
Conselho Europeu
Em documento sobre a "agressão militar da Rússia contra a Ucrânia", o Conselho Europeu acusou os russos de crimes de guerra, que "têm de cessar imediatamente". "A Rússia dirige ataques contra a população civil e toma por alvo bens de caráter civil, incluindo hospitais, instituições médicas, escolas e abrigos."
O conselho quer que a Rússia garanta caminhos seguros para outras partes da Ucrânia, "assim como a entrega de ajuda humanitária a Mariupol e a outras cidades sitiadas". O grupo também disse reconhecer as "aspirações europeias" da Ucrânia e pediu para a Comissão Europeia dar seu parecer sobre a entrada da Ucrânia na UE (União Europeia).
No texto, o conselho indicou que a UE buscará auxílio financeiro para a Ucrânia, além de "assegurar fluxos contínuos e ininterruptos de eletricidade e gás", e dar apoio humanitário.
Mortes em Kharkiv
Ao menos quatro pessoas morreram após um bombardeio atingir uma policlínica em Kharkiv, disse a polícia local nesta sexta. Outras sete pessoas ficaram feridas, segundo informações inicias. A ocorrência foi registrada às 7h45, horário local (2h45, em Brasília).
De acordo com a polícia, o local atingido era um "centro de ajuda humanitária". "Não há instalações militares nas proximidades."
Fechamento de fronteiras
As autoridades ucranianas pediram hoje à UE que feche suas fronteiras com Rússia e Belarus, um país aliado dos russos, de modo a endurecer as sanções ocidentais.
Hoje, a área militar da Ucrânia disse que a "probabilidade de envolvimento das forças armadas de Belarus é avaliada como alta".
Análise britânica
Além de avaliar que os ucranianos estão conseguindo manter os russos longe da capital, a inteligência britânica disse que os militares da Ucrânia "provavelmente continuarão tentando empurrar as forças russas de volta ao longo do eixo noroeste de Kiev para o aeródromo de Gostomel", cidade da região.
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse que "o agrupamento de forças e meios de defesa da cidade de Kiev continua a repelir a ofensiva do inimigo, infligir danos de fogo e manter todas as linhas de defesa definidas." O governo russo, porém, disse que, ontem (24), conseguiu destruir um depósito de combustível do exército ucraniano. Não foi possível confirmar a informação com fontes independentes.
A administração militar regional de Kiev disse que, de ontem para hoje, "o inimigo não teve sucesso em nenhuma das áreas" e que "as forças de defesa conseguiram melhorar suas posições em algumas áreas". Ela também apontou que Bucha e Irpin, que ficam perto de Kiev, "tornaram-se verdadeiras fortalezas no caminho dos racistas para a capital da Ucrânia".
Para o Reino Unido, a Rússia ainda tenta se dirigir a Odessa, uma cidade portuária no sul do país, mas "com seu progresso sendo retardado por questões logísticas e resistência ucraniana".
Sobre o sul do país, a Ucrânia disse que "uma operação de estabilização está em andamento e as tarefas de defesa territorial estão sendo executadas". "As forças terroristas russas continuam a lutar, violando conscientemente o direito internacional humanitário e as regras da guerra."
Civis retirados da Ucrânia
As autoridades ucranianas denunciaram que centenas de milhares de civis ucranianos estão sendo levados à força para a Rússia e que o regime de Vladimir Putin pode estar planejando usá-los "como reféns para exercer mais pressão" sobre Kiev. O governo russo disse que essas pessoas cruzaram a fronteira de livre vontade.
(Com AFP, RFI e DW)
*Com EFE
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