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Virgílio Neto critica governador do AM por falta de oxigênio: 'Assassinato'

"Eu queria dizer diretamente ao governador do estado que o nome disso é assassinato", disse o ex-prefeito de Manaus - Reprodução/Twitter/@Arthurvneto
"Eu queria dizer diretamente ao governador do estado que o nome disso é assassinato", disse o ex-prefeito de Manaus Imagem: Reprodução/Twitter/@Arthurvneto

Do UOL, em São Paulo

14/01/2021 16h03

Arthur Virgílio Neto (PSDB), ex-prefeito de Manaus por dois mandatos (entre 1989-1992 e 2013-2020), criticou hoje o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), culpabilizando o chefe do Executivo estadual pela falta de oxigênio em unidades hospitalares do AM.

"Eu não estou vendo que falte oxigênio em nenhum outro lugar [do Brasil], mas está faltando em Manaus, está faltando no Amazonas", disse Virgílio Neto em um vídeo publicado em seu perfil no Twitter.

"Eu queria dizer diretamente ao governador do estado que o nome disso é assassinato", afirmou. "Como é assassinato se comprar respirador falso, respirador que não serve para curar ninguém, ainda mais em loja de vinho e com preços superfaturados", continuou.

Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o pesquisador Jessen Orellana, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, tem recebido relatos de profissionais de saúde denunciando falta de oxigênio em unidades hospitalares em Manaus.

Acabou o oxigênio e os hospitais viraram câmaras de asfixia" Jessen Orellana, pesquisador da Fiocruz, para a coluna

Um vídeo de uma mulher pedindo "misericórdia" devido à falta de oxigênio em uma unidade de saúde também foi reproduzido pela coluna.

Respiradores & Vinhos

Ao falar dos respiradores, o ex-prefeito de capital amazonense se referia à compra, revelada em abril de 2020 pelo UOL, de 29 ventiladores pulmonares para tratar infectados com o novo coronavírus, feita pelo governo do AM em uma loja de vinhos.

O governo do Amazonas pagou R$ 2,9 milhões, um valor quatro vezes acima do preço de mercado dos aparelhos na época, para uma loja de vinhos por respiradores considerados "inadequados" pelo Cremam (Conselho Regional de Medicina do Amazonas).

Em outubro, Rodrigo Tobias, ex-secretário de Saúde do AM, disse em depoimento prestado à Polícia Federal que Wilson Lima era quem comandava a operação de compra dos respiradores.

Novas medidas

Beirando o colapso na saúde, o governo do Amazonas anunciou hoje que passará a transferir pacientes com covid-19 para outros estados.

O primeiro a receber pacientes do AM será o estado de Goiás, com dois hospitais: o Hospital Estadual Dr. Valdemiro Cruz e o Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi.

Além disso, Wilson Lima também anunciou hoje em coletiva que será decretado um toque de recolher no estado, a partir das 19h e indo até às 6h, para conter a disseminação do vírus no AM.

O fechamento das atividades vale até para farmácias, que deverão funcionar em regime de delivery. A circulação de pessoas que trabalham em áreas estratégicas, como segurança, saúde e imprensa, está permitida.

Virgílio na pandemia

Virgílio Neto era prefeito de Manaus quando o sistema de saúde pública local entrou em colapso no primeiro semestre de 2020 devido às internações de pessoas com quadros delicados decorrentes da covid-19.

Durante o ano passado, o ex-prefeito da capital amazonense teceu críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), chamando-o de "assassino indireto" e "corresponsável" pelas mortes causadas pela doença.

Em junho, o tucano foi internado após ser diagnosticado com o novo coronavírus e chegou até a ser transferido para São Paulo para seguir o tratamento; o então prefeito de Manaus recebeu alta médica após passar 22 dias internado.

No fim de dezembro do ano passado, a família de Virgílio virou alvo de uma operação que apura corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro no Amazonas.

Já em janeiro, o ex-prefeito conseguiu um habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça) que o impede de ser alvo de mandados de busca e apreensão do MP (Ministério Público).