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Para evitar confusão, boneco de Bolsonaro não deve desfilar em Olinda

Boneco gigante do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não deve mais desfilar nas ladeiras em Olinda - Divulgação
Boneco gigante do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não deve mais desfilar nas ladeiras em Olinda Imagem: Divulgação

Mateus Araújo

Colaboração para o UOL

31/01/2019 11h47

Anunciado como uma das novidades para o Carnaval deste ano em Olinda, o boneco gigante do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não deve mais desfilar nas ladeiras históricas. A possibilidade de ojeriza e confusão política "tem criado uma preocupação muito grande", segundo Leandro Castro, idealizador da Embaixada dos Bonecos Gigantes. 

Desde de novembro, quando foi lançado, o boneco tem causado polêmica. "O pessoal tem colocado muitas críticas nas redes sociais", conta Castro. "Não [acredito] que alguém vá fazer algo, mas estamos ponderando bastante. Nosso desfile é para criança, família e turista, mas Olinda se caracteriza por convicções políticas diferentes do resultado das urnas", explica. Na cidade, Bolsonaro teve 43,49% dos votos, no segundo turno das eleições, contra 56,61% de Fernando Haddad.

O boneco gigante do presidente só deve sair mesmo no Carnaval do Recife, de acordo com Leandro Castro, embora na capital pernambucana Bolsonaro também tenha perdido no segundo turno com 47,50% dos votos. "No Recife, o Carnaval é com muita família, com um pessoal mais diferenciado", pondera. "Lá, vamos levar tanto o boneco do presidente quanto o da primeira-dama Michelle. E vai sair também [o ministro da Justiça] Sergio Moro e o astronauta [e ministro de Ciência e Tecnologia] Marcos Pontes." 

De novo
 
Não é a primeira vez, no entanto, que a Embaixada evita de levar às ruas bonecos de políticos. Em 2015 e em 2016, a versão gigante da então presidente Dilma Rousseff (PT) não desfilou. "No último desfile que ela saiu, teve uma vaia estrondosa. E ficou uma coisa chata. Por isso, a gente evitou", diz o produtor cultural. 

Para Castro, o fato de ponderar a presença bonecos gigantes nos desfiles o "entristece", porque "Carnaval, como futebol, é momento de alegria do povo". "Política se discute nas urnas", frisa. "A gente não faz boneco para homenagear político; ali é o estadista. Fizemos o [boneco do ex-presidente] Lula (PT) e por 8 anos ele desfilou. Quem não gostava dele respeitava o fato de o boneco está presente no desfile. Se você não gosta de a, b ou c, você guarde a opinião para si", completa. "Por exemplo, a pessoa que não gosta de homossexual não vai deixar homossexual brincar Carnaval?" 

Novidades

A Embaixada dos Bonecos Gigantes faz sempre dois desfiles no Carnaval. Na segunda-feira, no Recife, e na terça, em Olinda. Para este ano, os artistas prepararam algumas novidades. Uma delas são os gigantes do Hulk, Capitão América e Mulher Maravilha, em homenagem a Stan Lee, criador dos heróis da Marvel, que morreu em novembro do ano passado. A outra é uma versão de Luzia, a mais antiga habitante das Américas, cujo crânio foi um dos objetos que restaram após o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, também no ano passado.

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