Maior universidade da Argentina suspende emergência após acordo com governo
O Conselho Superior da Universidade de Buenos Aires — UBA —, a maior da Argentina, suspendeu o estado de emergência declarado em 10 de abril, após o congelamento do orçamento da Educação do governo de Javier Milei. Segundo a instituição, a medida foi possível graças a um acordo com o governo federal que deve destinar um orçamento exclusivo para o funcionamento operacional da universidade.
Isso significa, na prática, que a maior universidade da Argentina voltará a ligar seus elevadores e usar a energia elétrica continuamente — inclusive o sistema de aquecimento — em todas suas dependências.
No mês passado, a coluna foi até a UBA e viu que os estudantes estavam tendo aulas do lado de fora da universidade, usando a luz do dia, devido à falta de recursos para pagar a conta de luz.
O que diz a universidade
Apesar do acordo que prevê um orçamento emergencial para a manutenção da universidade, a UBA informou que continua em estado de alerta e "profunda preocupação".
Em nota, a universidade diz que o acordo com o governo implica "uma atualização dos gastos, sem incluir salários e outras demandas", incluindo o orçamento de hospitais universitários e áreas assistenciais.
O incremento de recursos, segundo a instituição, "possibilitará uma programacao orçamentária, impossível até então", ainda que não seja suficiente para "o funcionamento pleno da universidade".
O Conselho Superior da UBA também se manifestou a favor da sanção de uma lei de financiamento universitário, que tem como objetivo criar parâmetros de distribuição do orçamento das universidades nacionais, e também da criação de um critério de atualização que permita manter, ano a ano, o poder aquisitivo da instituição.
Manifestação pela educação
Antes do acordo com a Universidade de Buenos Aires, o governo Milei enfrentou manifestações em defesa da educação pública, contra o congelamento do orçamento destinado às universidade e as políticas de ajustes. No dia 23 de abril, houve protestos em diversas partes do país.
O presidente veio a público e afirmou que a educação pública era prioridade.
O reitor da UBA, Ricardo Gelpi, chegou a dizer que "nunca vivemos uma situação como essa''.
O Hospital das Clínicas reduziu as cirurgias e cortou os serviços. O diretor da unidade de saúde, Marcelo Melo, afirmou que o orçamento congelado prejudicava a compra de medicamentos, cuja inflação alcançava mil por cento. Devido ao estado de emergência, a instituição adotou uma espécie de racionamento de energia e o uso de elevadores.
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