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Por 2º turno, PT e PDT trocam farpas e batalham na TV e na Justiça no Ceará
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O clima esquentou na campanha para o governo do Ceará. Na disputa direta pela vaga no segundo turno contra o Capitão Wagner (União Brasil), os grupos dos candidatos Roberto Cláudio (PDT) e Elmano de Freitas (PT) travam uma batalha recheada de ataques e acusações que foram parar na TV e na Justiça Eleitoral cearense.
Ontem, a governadora Izolda Cela (sem partido) foi incluída no clima quente da campanha. Ela teve nome e foto expostas em uma inserção do PDT que a cita como suspeita de destinar repasses ilegais a prefeituras do interior em troca de apoio à candidatura de Elmano.
A peça irritou a governadora, já que Izolda vinha mantendo distância do processo eleitoral após ter sido preterida pelo PDT na disputa. Porém, ontem, pela primeira vez, se manifestou em suas redes sociais contra a propaganda do candidato de Ciro Gomes no Ceará.
Ela diz que a peça é um "ataque covarde", com "medidas ardilosas e mentiras". Além disso, afirmou que "medidas judiciais serão tomadas imediatamente".
A inserção diz que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) suspendeu o repasse de recursos ao governo do estado por "denúncia de compra de apoio de prefeitos à candidatura de Elmano" e cita que, até aqui, a resposta de Elmano, Izolda e do ex-governador Camilo Santana, hoje na disputa pela vaga ao Senado, é o "silêncio"
No último dia 5, o desembargador Raimundo Nonato Silva Santos, do TRE-CE, proibiu a transferência de "qualquer recurso do estado do Ceará para os municípios", com ressalva apenas daqueles obrigatórios ou destinados a atender situações de emergência ou calamidade pública. Isso vale até o segundo turno das eleições.
Além disso, uma investigação foi aberta para saber se houve algum repasse irregular. No último dia 13, uma operação de busca e apreensão da Justiça Eleitoral, com apoio da Polícia Federal, colheu documentos da Superintendência de Obras Públicas do estado.
O PDT acusa Izolda e a chapa do PT de "abuso de poder político e econômico" por conta das "benesses ofertadas aos prefeitos apoiadores, consubstanciadas em serviços, programas e obras, contratados e executados diretamente pelo estado".
Farpas públicas
Pouco depois, em entrevista após evento oficial, Izolda comentou que via "com muita tristeza" o uso de sua imagem pelo PDT. "Eu penso que se leve tudo [de uma pessoa], mas não os princípios. E são nos momentos mais sensíveis que as pessoas são testadas. Que nunca me levem os meus princípios", afirmou, em tom de aparente emoção.
O que nós vemos é infelizmente, para fins eleitoreiros, ataques, medidas ardilosas que procuram gerar manchetes e serem distorcidas para enganar as pessoas; para fazer crer que existem determinados atos ilícitos. Eu acho que a gente não pode vender a alma pelo poder. Não é certo."
Izolda Cela, atual governadora do Ceará
Pouco depois, foi a vez de Roberto Cláudio falar sobre os comentários de Izolda. "Isso não é juízo de valor, é um fato jurídico, infelizmente. O estado volta a conviver com práticas que a gente tinha vencido na cultura política", disse.
Segundo ele, o que sua campanha está fazendo com a propaganda é "apenas a exposição à opinião pública de um fato que já foi julgado pelo TRE".
Quem precisa esclarecer isso não sou eu, são os envolvidos e citados no processo, que infelizmente, no meio da campanha, gerou uma operação de busca e apreensão da PF. Não é nada animador, eu não gostaria de estar tratando desse fato; mas ele é grave."
Roberto Cláudio, candidato a governador do Ceará pelo PDT
Camilo Santana também usou suas redes para fazer críticas à inserção colocada no ar por Roberto Cláudio e reclamou dos ataques à governadora.
A mesma crítica foi feita pelo candidato Elmano de Freitas, que citou o avanço nas pesquisas como o motivo dos ataques do PDT.
Clima tenso
O clima entre PDT e PT no estado é muito ruim desde que o PDT escolheu o nome de Roberto Cláudio como candidato ao governo, deixando de lado a governadora. Como não aceitou o nome, o PT rompeu uma aliança de quatro eleições seguidas e que durou 15 anos no poder.
A escolha de Cláudio foi apoiada decisivamente pelo presidenciável Ciro Gomes, que tomou a frente das negociações com integrantes do diretório estadual do PDT.
O fato gerou até um racha familiar porque o seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT) —que era o nome familiar que comandava as negociações políticas locais—, foi escanteado das conversas.
A relação pessoal entre Roberto e Izolda também não é das melhores desde a convenção estadual do PDT. A definição do candidato pelo partido chateou profundamente a governadora, que esperava ser a escolhida como candidata à reeleição.
Nos bastidores, ela deixou claro que entendeu que esse processo foi um jogo de cartas marcadas comandado por Ciro Gomes para forçar uma ruptura com o PT no estado. Por conta disso, poucos dias depois, ela anunciou desfiliação do PDT, mas não anunciou apoio na sucessão ao governo.
Ciro nega a influência interna e diz que foi o PT quem rompeu a aliança ao não aceitar uma escolha do diretório do PDT, que teria usado um critério previamente estabelecido entre todos os pré-candidatos: de escolher o que, naquela data, tivesse mais intenções de voto nas pesquisas.
Em recente ato e entrevista em Sobral, sem citar Ciro, Cid Gomes disse que o rompimento ocorreu contra a sua vontade, dando a entender que não concordou com a escolha de Roberto.
Por isso, disse que ficaria neutro na disputa pelo governo para, no segundo turno, ser o "cupido" da reconciliação desfeita. Ele também anunciou voto no ex-governador Camilo para o Senado.
As pesquisas atuais mostram que Elmano e Roberto devem ter uma disputa intensa para ver que chega ao segundo turno contra o Capitão Wagner, que aparece consolidado na primeira colocação desde o início da coleta de dados de intenções de voto.
Pesquisa Ipec divulgada no último dia 9:
- Capitão Wagner (União Brasil) - 35%
- Elmano de Freitas (PT) - 22%
- Roberto Cláudio (PDT) - 21%
A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre os dias 6 e 8 de setembro, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TRE-CE sob o número CE-08984/2022 e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-06797/2022.
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