Topo

Carlos Madeiro

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Papa, Dino, MST: extrema direita evangélica tem novos alvos, diz relatório

Principal alvo dos ataques, além de Lula, é o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB) - Reprodução/TV Câmara
Principal alvo dos ataques, além de Lula, é o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB) Imagem: Reprodução/TV Câmara

Colunista do UOL

14/04/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um relatório sobre o que publicam páginas com conteúdo voltado para evangélicos de extrema direita aponta que os 100 dias do governo Lula e o retorno de Jair Bolsonaro ao Brasil reaqueceram os ataques ao governo. O levantamento foi feito pela Casa Galileia —organização que reúne pesquisadores de conteúdos produzidos para cristãos.

O que diz o relatório

O principal alvo dos ataques, além de Lula, é o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB). O motivo é o pedido por uma CPI dos atos de 8 de Janeiro, com acusações de que a gestão petista foi omissa por interesse politico.

Papa Francisco recebeu críticas após falar sobre a "inocência de Lula e Dilma". As declarações reforçaram nesse público as acusações de "ativismo socialista" do chefe do Vaticano "em favor da esquerda mundial". Eles alegam que o papa está "mal informado por responsabilidade dos bispos da CNBB".

CPI do MST é apoiada. O levantamento aponta o crescimento das narrativas de criminalização dos trabalhadores sem terra. Eles defendem a ideia de uma CPI para investigar o MST.

A liderança da extrema direita por Bolsonaro está sendo colocada em dúvida. Também estão em alta comentários sobre o ex-presidente Bolsonaro se tornar inelegível.

Ao mesmo tempo, há uma contranarrativa de defesa e blindagem contra os ataques a Bolsonaro.

Políticos evangélicos aproveitaram o massacre em escola de Blumenau (SC) para atacar direitos humanos. Eles radicalizaram em propostas punitivistas, como aumento de penas e a vigilância armada nas escolas.

O que foi analisado

O relatório analisou em YouTube, Instagram e Facebook:

  • 6.754 posts
  • 1.097 vídeos
  • 828 páginas, canais e perfis com maior número de comentários, interações e visualizações.

O monitoramento desta semana entregou pistas de como a extrema direita evangélica pretende construir e sedimentar sua oposição ao governo. Pulverizar os ataques e diversificar os personagens parece uma estratégia para desestabilizar figuras centrais."
Andréa Laís, assessora de pesquisa da Casa Galileia

Outro alvo que ela cita é o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio de Almeida, que também foi atacado, especialmente com vídeo do deputado e pastor Marco Feliciano (PL).

O retorno de Bolsonaro e o marco dos 100 dias reverberou como um ponto de corte importante para uma maior mobilização da extrema direita e a retomada de uma oposição mais organizada e coordenada entre as lideranças políticas. Se essa hipótese se cumprir, poderemos observar novos alvos nas próximas semanas."
Andréa Laís

Papa Francisco virou alvo

Laís acredita que os ataques ao papa Francisco fazem parte da chamada guerra cultural-ideológica.

Associar o papa ao socialismo e ao comunismo é importante para justificar suas recentes declarações".
Andréa Laís

"É importante também contextualizar que as acusações têm como pano de fundo críticas à atual gestão da CNBB, que está às vésperas da sua Assembleia Geral que também vai decidir por uma mudança na sua presidência", acrescenta a pesquisadora.

Lula em encontro com o papa Francisco em fevereiro de 2020 - Ricardo Stuckert/Divulgação - Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em encontro com o papa Francisco em fevereiro de 2020
Imagem: Ricardo Stuckert/Divulgação

Novos parlamentares crescem

Um ponto citado no relatório é que a entrada de novos parlamentares aumentou os índices de engajamento desses perfis nas três redes, aumentando o alcance deles.

"Nesta semana tivemos o dobro do volume de publicações, se considerarmos as mesmas métricas no Instagram, apesar do maior número de perfis monitorados nesta rede", afirma o documento.