Carlos Madeiro

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Governo de AL aciona TCU para vetar acordo bilionário da Braskem com Maceió

O governo de Alagoas vai pedir hoje ao TCU (Tribunal de Contas da União) a suspensão do acordo fechado entre a Prefeitura de Maceió e a empresa Braskem para pagamento de R$ 1,7 bilhão de indenização pelo afundamento de solo em cinco bairros da capital alagoana.

O que aconteceu

Para o governo alagoano, o acordo é considerado excludente. O estado alega que a negociação não poderia ter sido fechada sem a participação do governo e de outras prefeituras da região metropolitana de Maceió — para onde moradores expulsos de suas casas teriam ido morar.

Alagoas diz ainda que a Prefeitura de Maceió extrapolou sua competência ao fechar um acordo sem incluir pagamentos a esses outros entes e, por isso, ele deve ser suspenso.

O TCU informou que o encontro do governador Paulo Dantas (MDB) com o presidente da Corte está marcado para as 17h30, na sede do órgão em Brasília.

Segundo apurou o UOL, o valor do acordo foi considerado baixo pelo governo estadual. Por causa do afundamento do solo, 17 mil imóveis foram esvaziados e quase 60 mil pessoas foram retiradas à força de suas casas.

A coluna procurou a Prefeitura de Maceió para comentar a ida de Dantas ao TCU — a administração municipal disse que não iria comentar. A Braskem também não quis se posicionar.

É como se um incêndio destruísse um apartamento, mas tivesse afetado o vizinho e a estrutura do prédio. Então, ele não pode ser o único a ter indenização.
Fonte de dentro do governo, que pediu anonimato

Muro pichado em casa abandonada no bairro do Pinheiro, em Maceió
Muro pichado em casa abandonada no bairro do Pinheiro, em Maceió Imagem: Carlos Madeiro/UOL

Acordo sigiloso

A coluna solicitou os termos do acordo homologado, mas tanto Braskem como a prefeitura não enviaram cópia.

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Detalhes do termo foram fechados em reunião no último dia 20 na sede da Procuradoria da República, em Alagoas, segundo a sentença de André Luís Maia Tobias Granja, da 3ª Vara Federal e que homologou o acordo extrajudicial. Na ocasião, prefeitura e Braskem se reuniram com representantes dos Ministérios Públicos Federal e Estadual.

Consta expressamente que a referida ata já retrata a anuência do MPF e MPE no tocante aos aspectos formais do acordo celebrado.
Sentença de homologação

O prefeito João Henrique Caldas (PL) disse que o valor será usado para criar um fundo de amparo ao morador e em obras na cidade. Não foram informados, porém, quando e de que forma o valor será pago.

Rixa política

Por trás das críticas há também um componente político. A Prefeitura de Maceió e o governo de Alagoas têm relações rompidas e reproduzem, localmente, a rixa entre dois líderes nacionais: o senador Renan Calheiros (MDB) e deputado federal Arthur Lira (PP).

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Em Brasília, Renan está à frente da artilharia contra a Braskem, que tem feito reiteradas críticas à petroquímica. Ele não vai participar do encontro de hoje no TCU.

Renan já acionou o TCU para que a petroquímica não seja vendida até resolver em definitivo o pagamento a moradores e empresários afetados, além de ressarcir o governo do estado pelos prejuízos. Ainda não há decisão.

Recentemente, o estado também lançou comunicado ao mercado acusando a Braskem de "confundir investidores" ao não deixar claro débitos ainda não contabilizados para arcar com os prejuízos gerados pelo problema ambiental.

O afundamento do solo causou um prejuízo de ao menos R$ 1 bilhão em perdas de arrecadação e pelos prédios localizados na região afetada, conforme cálculos do governo.

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