Carlos Madeiro

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Reportagem

AL: quem é o suspeito de chacina preso com R$ 100 mil em armas e uma píton

A Polícia Civil de Alagoas prendeu no último dia 20 Regivaldo da Silva Santana, o Giba, como era chamado. A detenção chamou a atenção porque ele não tinha passagem pela polícia e é um famoso escultor de obras sacras, que fez muitas peças gigantes de destaque em cidades do interior do Nordeste.

Agora, ele é o único suspeito de matar quatro jovens entre 15 e 20 anos e esconder os corpos em um poço em sua propriedade, em Arapiraca (AL), onde morava. Mas a prisão chocou não apenas pelas mortes, mas também pela grande quantidade de armas e pelas duas cobras que ele mantinha em seu sítio.

R$ 100 mil em armas

Ao todo, eram 12 armas com valor estimado pela polícia em cerca de R$ 100 mil. "Pode ser até maior esse valor, não chegamos a calcular exatamente arma por arma, só fizemos essa estimativa", diz Edberg Oliveira, delegado Regional de Arapiraca.

Eu nunca tinha me deparado com uma situação com essa quantidade de armas sob posse de uma pessoa. E surpreendeu também os homicídios: quatro pessoas mortas e enterradas em um poço.
Edberg Oliveira

Giba tinha registro de CAC (colecionador, atirador e caçador) no Exército e estava com 10 armas registradas legalmente e duas outras ilegais. Algumas delas, como as de calibre 9 mm, são de uso restrito das forças públicas. Esse modelo chegou a ser liberado pelo governo Bolsonaro para uso de civis, mas voltou a ser vetado na era Lula.

O suspeito não tinha antecedentes, nenhum boletim de ocorência contra ele. As pessoas achavam até que ele era policial, porque ele exibia armas e era comum escutar disparos no sítio dele. Havia até alvos de metal no quintal que ele utilizava.
Edberg Oliveira

Cobras em casa e devedor de pensão

Píton albina achada em propriedade de Giba, em Arapiraca (AL)
Píton albina achada em propriedade de Giba, em Arapiraca (AL) Imagem: Divulgação/BPA/PM-AL
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Giba não estava só com armas: ele tinha ainda duas cobras, uma delas uma píton albina de 5 metros, cobra que não é natural no Nordeste e era criada sem autorização ambiental.

Para fechar a lista de crimes, Giba tinha um mandado de prisão em aberto na justiça do Mato Grosso, onde era buscado por não pagar pensão alimentícia.

Confessou, mas não assinou

Após a audiência de custódia, o juiz plantonista José Miranda Santos Júnior decretou a prisão preventiva no último dia 21. No processo judicial, não consta ainda nome de advogado que irá defender de Giba. O espaço está aberto para declarações.

Segundo a polícia, Giba informou que estava bêbado e confessou os assassinatos em depoimento a Edberg; mas ao fim, acabou se recusando a assinar o termo de declaração.

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Ele foi passando informações, mas à medida que nós o questionávamos, ele modificava as versões. Inicialmente, disse que estava embriagado, que lembrava de quase nada. Depois foi lembrando, disse que os jovens homens teriam roubado utensílios e um aparelho celular dele, e ele saiu em busca e os pegou em uma área externa e os trouxe para o seu sítio.
Edberg Oliveira

Os jovens mortos eram dois casais:

  • Letícia da Silva Santos, 20 anos
  • Erick Juan de Lima Silva, 20 anos
  • Lucas da Silva Santos, 15 anos
  • Joselene de Souza Santos, 17 anos

Ele disse que deitou os quatro com rosto para o chão e, quando foi dar uma coronhada em um deles, acabou atirando acidentalmente em um deles e depois matou as três testemunhas. É uma versão que não acredito.
Edberg Oliveira

Corpos no poço

Segundo a polícia, após matar os jovens, ele e mais duas pessoas [também já presas] jogaram os corpos no poço ao lado de sua casa e os cobriram com material para evitar que o mau cheiro subisse.

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O caso só foi descoberto porque a mãe de duas das vítimas procurou a delegacia e informou sobre o desaparecimento. Joseane Bezerra da Silva informou que eles disseram que iam prestar serviço na casa de Giba, onde costumavam trabalhar.

Bombeiros retiram corpos de poço em Arapiraca (AL)
Bombeiros retiram corpos de poço em Arapiraca (AL) Imagem: Reprodução

À polícia, vizinhos afirmaram que no dia do desaparecimento ouviram 20 disparos, o que chamou a atenção dos investigadores.

O Corpo de Bombeiros teve de ser acionado e precisou usar seis militares para conseguir descer até o local e resgatar os corpos do fundo do poço.

O inquérito que investiga os crimes de Giba está ainda em curso, mas o delegado antecipa que ele deve ser indiciado por homicídios, ocultação de cadáver, posse ilegal de arma e crime ambiental.

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