Carlos Madeiro

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Reportagem

Vereadora presa por suposto elo com facção renuncia à candidatura na PB

A vereadora de João Pessoa Raíssa Lacerda (PSB) apresentou nesta quinta-feira (26) carta informando à Justiça a renúncia de candidatura à reeleição em 2024. Ela está presa desde o dia 19, alvo da operação Território Livre, da PF (Polícia Federal), que apura a relação dela com a facção Nova Okaida para coação violenta de eleitores.

O pedido de renúncia foi homologado no mesmo dia pela Juíza da 64ª Zona Eleitoral, Maria de Fátima Lúcia Ramalho, e a vereadora já consta como inapta para disputa no sistema de candidaturas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A vereadora é aliada do prefeito e candidato à reeleição Cícero Lucena (PP), de quem foi secretária municipal de Cidadania e Direitos Humanos. Ela também é do partido do governador João Azevedo (PSB).

Raíssa já tinha recebido R$ 46,1 mil e tinha gasto R$ 27,4 mil para a campanha.

Acusação de relação com facção

Raíssa teria relação com líderes da Nova Okaida no bairro de São José, um de seus redutos eleitorais, segundo a polícia. Conversas flagradas pela PF apontam que ela agia em acordo com os faccionados para obter vantagens na área, como a proibição de campanha para outros candidatos.

Além disso, ela ainda seria um elo do grupo com a prefeitura, inclusive acertando cargos para familiares de integrantes da facção.

"Temos uma clara referência à compra de voto que ocorre às vésperas da eleição, ou seja, lavagem de dinheiro, utilização de recursos não contabilizados para compra de voto", afirmou o procurador regional eleitoral Renan Paes Félix, na segunda-feira (23) ao defender que o TRE negasse o pedido de habeas corpus de Raíssa — a corte negou a soltura.

Raíssa em "m evento patrocinado pela facção criminosa", segundo a PF
Raíssa em "m evento patrocinado pela facção criminosa", segundo a PF Imagem: Reprodução/PF
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Para o procurador, as conversas trazem "diversos elementos" que apontam para uma "concessão de benesses para líderes de facções criminosas".

E em troca dessas benesses, a facção criminosa vai oferecer intimidação, vai oferecer terror, vai oferecer violência, vai limitar o livre exercício do voto por parte da sociedade. Em troca, eles dão a reserva do território.
Renan Paes Félix, procurador regional eleitoral

A coluna tenta contato com a defesa da vereadora, mas ainda não conseguiu. O espaço segue aberto para posicionamento. Em suas redes sociais, ela afirmou que está sendo vítima de uma "ardilosa perseguição" eleitoral.

"Raíssa não possui nenhuma ligação com as pessoas citadas no processo da operação Território Livre e a verdade virá à tona e será esclarecida. Todos saberão da índole de Raíssa Lacerda e de sua honestidade", disse.

Reportagem

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