Mãe de indiciado por incendiar apartamento da ex ameaça vítima: 'Vagabunda'

A mãe dele é a advogada Ana Gusmão. Ela integrava a comissão da mulher advogada da OAB (Ordem dos Advogado do Brasil) em Alagoas.

Os diálogos

Parte das mensagens com Ana Gusmão foi divulgada no Instagram da vítima, Mariana Maia, nesta quinta-feira (13). A coluna, porém, teve acesso a mais mensagens, enviadas desde sábado (8), dia do incêndio.

Inicialmente, Ana pede para ouvir a versão de Mariana e para defender o filho da suspeição. Entretanto, depois que a nora culpa Marcello e diz que perdeu a casa onde morava com o irmão e a filha, Ana fica agressiva, diz que Mariana é "uma cobra" e faz chantagem.

Entre em contato com os jornais, diga que esperem o resultado da perícia, que não teve nada a ver com briga de vocês; e eu te dou um lar. Não é barganha, é caridade. Ana Gusmão, mãe de Marcello Gusmão, suspeito de incendiar a casa da ex

Após conversar com Mariana por quatros minutos por ligação, Ana profere novas ofensas.

Vagabunda, eu sou advogada, me processe (...) Tão covarde que passou o telefone para a advogada. Ana Gusmão

Ana insiste na inocência de Marcello e alega que ele estaria pensando em suicídio por conta da denúncia: "Ele não é marginal". Em resposta, Mariana diz que está fragilizada: "Tenho nem cabeça para pensar em nada, minha vida está de cabeça para baixo".

Ana ainda insinua que o incêndio poderia ter outro responsável e culpa o irmão de Mariana, Vinícius Maia, que mora no apartamento: "O primeiro suspeito é o seu irmão, que estava em casa." Vinicius diz que estava dormindo quando Marcello foi ao local na madrugada.

Ainda nas mensagens, Ana faz ameaças.

Você vai pagar por isso, Mariana. Tenha certeza. Enquanto eu for viva vou provar que meu filho é inocente e vou fazer da sua vida um inferno. Você me conhece bem? Ana Gusmão

OAB no caso

Ana Gusmão integrava até esta quinta-feira (13) a comissão da mulher advogada da OAB-AL.

Em nota, a entidade informou que ela pediu desligamento do cargo, mas afirmou que segue acompanhando o caso do incêndio e prestando assistência a Mariana. A OAB ainda publicou um vídeo em suas redes sociais sobre o caso.

A advogada da vítima, Amanda Montenegro pediu que Ana Gusmão seja exonerada da entidade. "Seu comportamento vai de encontro totalmente aos princípios do que essa comissão se presta a defender", afirma.

Amanda também disse que a defesa já acionou o Tribunal de Ética e Disciplina da OAB para que Ana responda a processo disciplinar. "Estamos pedindo a suspensão da carteira dela da OAB", diz.

Processos cíveis, com pedido inclusive de reparação, virão na sequência. Nós iremos fazer os boletins de ocorrência, que ainda não foram feitos em decorrência dos vários acontecimentos dessa semana, mas ela irá responder por crimes contra a honra. Amanda Montenegro

Medida protetiva

Segundo a advogada, Mariana resolveu expor as mensagens por entender que o incêndio foi provocado criminalmente. "Como entre sexta e sábado houve duas brigas acaloradas entre o casal em público, imediatamente Marcello se tornou suspeito. O indício de autoria também se deu por ele ter saído do apartamento oito minutos antes do incêndio tomar grandes proporções."

Amanda diz que, desde a conversa com a ex-sogra, Mariana se tornou alvo de mentiras. "Essas inverdades tomaram uma grande dimensão, e Mariana sentiu a necessidade de se defender publicamente", explica.

As mensagens de Ana, conta Amanda, causaram danos psicológicos em Mariana, que pediu à Justiça a extensão de medida protetiva concedida contra Marcelo —para garantir distância e fim dos contatos com a mãe do ex.

A coluna tentou contato com Ana na nesta quinta-feira, sem sucesso. Enviou mensagem também para o advogado de Marcello, para saber se gostariam de se manifestar sobre a conversa divulgada, mas também não teve retorno. O espaço está aberto para manifestações.

Versões do caso

Por volta das 4h do sábado, o empresário foi até o apartamento de Mariana, onde ela morava com a filha e um irmão. Poucos minutos depois, o apartamento estava em chamas.

Eles vinham de desentendimentos, segundo Mariana, porque ela tinha uma viagem marcada para a Itália com a filha. O empresário também iria, mas acabou desistindo, alegando falta de recursos. Ela conta que Marcello passou então a insistir para ela não viajar mais, aumentando o tom na semana da viagem.

Na noite da sexta-feira (7) anterior ao incêndio, ela afirma que foi a uma festa onde Marcello estava para cobrar a devolução da chave do apartamento dela, e então houve uma última discussão.

Já na madrugada do sábado, Marcello foi até o apartamento quando Mariana não estava no local. No momento, estavam no imóvel o irmão e um primo dela —que estariam dormindo. O porteiro do prédio que prestou depoimento relatou que Marcello pegou uma mala deixada por Mariana para ele na portaria e subiu até o apartamento.

Câmeras de segurança confirmaram que ele subiu e desceu pelo elevador do prédio momentos antes do fogo ser percebido no apartamento.

As chamas começaram exatamente no quarto onde estava a mala da viagem e, a partir daí, tomaram conta dos demais cômodos, destruindo praticamente todo o imóvel. O cômodo onde o fogo começou foi o mais destruído.

Em entrevista coletiva na quarta-feira (12), Marcello negou que tenha incendiado o apartamento e disse que foi ao local na madrugada apenas para pegar pertences pessoais. "Ao entrar no apartamento, a primeira coisa que fiz foi avisar ao irmão dela: abri a porta, falei com ele e disse que estava pegando as minhas coisas, recolhi todos os meus pertences e desci", conta.

Em entrevista à TV Pajuçara, o irmão de Mariana, Vinicius Maia, negou que tenha sido avisado e, aos prantos, contou que saiu do apartamento em chamas às pressas temendo pela vida da irmã.

"Eu pensei que poderia ter perdido ela, saí desesperado. Eu desci com meu primo e avisei o porteiro para ligar para os bombeiros. Perguntei a ele se minha irmã estava em casa, ele disse que não, mas Marcello tinha vindo. Até então, não sabia de briga nenhuma", contou.

Marcello também alegou que não se opôs à viagem dela e afirmou que o motivo da briga foi o contrário: ela teria reclamado que ele não iria mais viajar com ela.

"Fui eu quem comprei, no meu pix, no meu aplicativo. Fiz toda a transação para ela. Se eu não quisesse que ela viajasse, a coisa mais simples seria cancelar essa passagem. Eu não tinha como viajar, eu tenho um negócio, não tenho renda fixa. Ela não queria que eu ficasse", disse.