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Diogo Schelp

Doria ajuda Bolsonaro com elogio à repressão de manifestantes por PM

PM golpeia manifestante deitado no chão na Rua Teodoro Sampaio, na Zona Oeste de São Paulo, após protesto contra o governo Jair Bolsonaro no domingo (7) - Vídeo/Reprodução
PM golpeia manifestante deitado no chão na Rua Teodoro Sampaio, na Zona Oeste de São Paulo, após protesto contra o governo Jair Bolsonaro no domingo (7) Imagem: Vídeo/Reprodução

Colunista do UOL

08/06/2020 17h26

O governador de São Paulo João Doria elogiou a ação da Polícia Militar durante o protesto contra o governo do seu desafeto político, o presidente Jair Bolsonaro, neste domingo (7), no Largo da Batata, Zona Oeste de São Paulo, e disse que as imagens de policiais batendo em manifestantes já dominados "estão sendo analisadas".

A julgar pelo histórico recente das investigações de casos de violência policial em São Paulo, a promessa não é muito animadora.

Há três meses, por exemplo, relatório da Corregedoria da PM de São Paulo isentou de culpa os policiais que mataram nove jovens em um baile funk na favela de Paraisópolis, na capital paulista, em dezembro do ano passado. Doria minimizou a violência desproporcional empregada pela PM naquele episódio e agora dá indícios de que fará o mesmo em relação à repressão de protestos.

A perspectiva de impunidade aponta para um cenário em que os excessos da polícia no controle das próximas manifestações se tornarão cada vez mais frequentes. Foi o que aconteceu nas jornadas de junho de 2013.

E isso é ótimo para Bolsonaro, que sonha com cenas de violência que possam provar sua versão de que quem protesta contra ele são "terroristas, marginais, maconheiros e desocupados".

Segundo relatos colhidos por este colunista, entre os manifestantes agredidos neste domingo há jovens que não participavam de atos de vandalismo.

De nada adianta Doria dizer que os "baderneiros" são minoria se a PM que está sob seu comando agride indiscriminadamente manifestantes já dominados. As cenas de violência que essas ações produzirão apenas servirão de combustível para a retórica bolsonarista. E elevarão desnecessariamente a temperatura dos próximos protestos.