Jamil Chade

Jamil Chade

Siga nas redes
Reportagem

Prazo dado por Israel afunila, e ONU diz ser impossível retirar palestinos

Antes da reunião do Conselho de Segurança em Nova York para avaliar uma resposta para a crise em Gaza, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, alertou que o risco no Oriente Médio atingiu um "novo patamar". Para ele, levar mais de 1 milhão de pessoas a um local sem comida e acomodação é "muito perigoso" e "impossível".

"Transportar mais de um milhão de pessoas de uma zona de guerra densamente povoada para um local sem comida, água ou acomodação, quando todo o território está sitiado, é extremamente perigoso e, em alguns casos, simplesmente impossível", disse.

Sua declaração ocorre depois que Israel enviou uma carta para a ONU, solicitando que uma evacuação da população do norte de Gaza seja realizada, dando 24 horas para que o deslocamento ocorra.

Guterres, porém, deixou claro que isso não tem como ocorrer. "Os hospitais no sul de Gaza já estão com sua capacidade esgotada e não poderão aceitar milhares de novos pacientes vindos do norte", alertou.

Segundo ele, o sistema de saúde está "à beira do colapso". "Os necrotérios estão transbordando; onze profissionais de saúde foram mortos em serviço; e houve 34 ataques a instalações de saúde nos últimos dias", disse Guterres.

"Todo o território enfrenta uma crise hídrica, pois a infraestrutura foi danificada e não há eletricidade para alimentar bombas e usinas de dessalinização", insistiu.

Pedimos um acesso humanitário à população. Até as guerras tem regras.
António Guterres, secretário-geral da ONU

Guterres, porém, também mandou um alerta ao Hamas, apontando que civis não podem ser usados como escudos e que os reféns precisam ser liberados.

E fez um apelo por um corredor que permita que a população seja atendida. "Precisamos de acesso humanitário imediato em Gaza, para que possamos levar combustível, alimentos e água a todos os necessitados", disse.

Continua após a publicidade

Segundo ele, a "lei humanitária internacional e a lei dos direitos humanos devem ser respeitadas e mantidas; os civis devem ser protegidos e nunca usados como escudos".

O chefe da ONU ainda destacou que é "imperativo que todas as partes - e aqueles que têm influência sobre elas - façam todo o possível para cumprir essas etapas".

Guterres afirmou ter conversado com líderes da região para "impedir uma escalada". Segundo ele, a "troca de tiros" na fronteira entre Israel e Líbano é "muito preocupante". "Isso precisa parar", afirmou. Mais cedo, um cinegrafista da agência de notícias Reuters foi morto durante um bombardeio de Israel na fronteira com o Líbano.

"Tenho estado em contato constante com os líderes de toda a região, concentrando-me em maneiras de reduzir o sofrimento e evitar uma escalada perigosa na Cisjordânia ou em qualquer outro lugar da região, especialmente no sul do Líbano", completou.

Instantes depois de Guterres tomar a palavra, Riyad Mansour, embaixador palestino na ONU, se apresentou diante da imprensa internacional, acompanhado por embaixadores de todos os países árabes. O objetivo era o de mostrar a união da região.

Ele fez três pedidos:

Continua após a publicidade
  • o estabelecimento de um cessar-fogo imediato
  • a criação de um corredor humanitário.
  • o fim da operação que, segundo ele, geraria uma limpeza étnica dos palestinos em Gaza, "jogando a população para o Egito".

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes