Jamil Chade

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ONU diz que Gaza está de joelhos; OMS condena ataques contra hospital

Em choque, diplomatas e entidades internacionais alertam que o Oriente Médio está "por um fio". Numa declaração emitida ao desembarcar no Cairo, o chefe da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, lamentou as informações de que uma escola e um hospital foram atacados em Gaza hoje.

"Centenas de pessoas foram mortas. Gaza está de joelhos", disse. Segundo ele, "os sistemas de saúde, água e saneamento estão entrando em colapso".

"As pessoas estão sendo despojadas de sua dignidade", insistiu.

Além dele, a OMS também se pronunciou sobre o ataque ao Hospital Árabe Al Ahli. "A OMS condena veementemente o ataque ao Hospital Al Ahli Arab, no norte da Faixa de Gaza", disse a entidade. "O hospital estava funcionando e abrigava pacientes, profissionais de saúde e de atendimento, além de pessoas deslocadas internamente. Os primeiros relatórios indicam centenas de mortes e feridos", constatou.

Segundo a agência, o hospital era um dos 20 no norte da Faixa de Gaza que enfrentavam ordens de evacuação dos militares israelenses. "A ordem de evacuação foi impossível de ser cumprida devido à insegurança atual, à condição crítica de muitos pacientes e à falta de ambulâncias, equipe, capacidade de leitos do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados", explicou.

"A OMS pede a proteção ativa imediata dos civis e da assistência médica. As ordens de evacuação devem ser revertidas. O direito humanitário internacional deve ser respeitado, o que significa que os cuidados com a saúde devem ser ativamente protegidos e nunca visados", completou.

"Estamos em choque", disse Micheal Ryan, chefe de operações da OMS. "A violência precisa parar, de todos os lados", apelou.

O chefe da OMS fez um pedido para que uma pausa humanitária seja estabelecida para que os civis possam ser atendidos. "Não podemos esperar mais. Isso precisa acabar", insistiu.

De acordo com ele, 115 ataques ocorreram contra estabelecimentos de saúde nesta semana. 51 deles em Gaza. Antes das mortes desta noite, foram 15 trabalhadores de saúde mortos.

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Volker Türk, chefe de direitos humanos da ONU, também denunciou a situação nesta noite. "As palavras me faltam. Esta noite, centenas de pessoas foram mortas - horrivelmente - em um ataque maciço no Hospital Árabe Al Ahli na Cidade de Gaza, incluindo pacientes, profissionais de saúde e famílias que buscavam refúgio dentro e ao redor do hospital. Mais uma vez, os mais vulneráveis. Isso é totalmente inaceitável", disse.

"Os hospitais são sagrados e devem ser protegidos a todo custo", alertou.

Segundo ele, ainda não se sabe a "escala total dessa carnificina, mas o que está claro é que a violência e as mortes devem cessar imediatamente".

"Todos os estados com influência devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim a essa situação terrível. Os civis devem ser protegidos e a ajuda humanitária deve chegar aos necessitados com urgência", insistiu. Para ele, os autores dos ataques devem ser responsabilizados.

Escola da ONU em Gaza é atingida; 6 mortos e dezenas de feridos

O dia ainda foi marcado pelo anúncio de que uma escola mantida pela ONU foi alvo de um ataque, deixando pelo menos seis mortos e dezenas de feridos. A informação é de Philippe Lazzarini, comissário geral da UNRWA, a agência da ONU para Refugiados Palestinos.

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"Pelo menos seis pessoas foram mortas esta tarde quando uma escola da UNRWA foi atingida no campo de refugiados de al-Maghazi, na área central de Gaza", disse. "Dezenas de pessoas ficaram feridas - incluindo funcionários da UNRWA - e a escola sofreu graves danos estruturais", declarou.

Segundo ele, é provável que os números de mortos e feridos sejam ainda maiores. "Isso é ultrajante e, mais uma vez, mostra um flagrante desrespeito pela vida dos civis", disse.

O representante da ONU alerta que os palestinos não estão mais em segurança em lugar algum.

"Nenhum lugar é mais seguro em Gaza, nem mesmo as instalações da UNRWA", disse. Segundo a ONU, a escola foi atingida durante os ataques aéreos e bombardeios das forças israelenses na Faixa de Gaza.

"Pelo menos 4.000 pessoas se refugiaram nessa escola da UNRWA que virou abrigo. Elas não tinham e ainda não têm para onde ir", alertou.

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