Jamil Chade

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Gaza: mais de mil crianças amputadas e milhares com perda de audição e fala

Um informe interno da Unicef que circula entre governos revela a dimensão da crise humanitária que vive a Faixa de Gaza. De acordo com a instituição da ONU responsável pela situação das crianças, a região em conflito atravessa um cenário "catastrófico". São mais de mil crianças com amputações de seus membros e milhares com deficiências causadas pelo trauma da guerra, incluindo perda total de audição ou de fala.

O UOL havia revelado no início da semana que crianças começaram já a morrer de fome e desnutrição em Gaza, por conta do corte de assistência humanitária. Foram pelo menos dez óbitos nos últimos dias.

Agora, o informe detalhado aponta para um cenário considerado como "dramático".

Os recém-nascidos de 5.500 mulheres que entrarão em trabalho de parto no próximo mês correm risco de morrer por conta da inexistência de qualquer serviço pré ou pós-natal.

90% das crianças de 6 a 23 meses e das mulheres grávidas e lactantes enfrentam grave pobreza alimentar na Faixa de Gaza. Os alimentos que estão disponíveis para elas todos os dias são de baixo valor nutricional e pertencem a apenas dois ou menos grupos de alimentos.

90% das crianças menores de cinco anos são afetadas por uma ou mais doenças infecciosas.

70% das crianças tiveram diarreia nas duas semanas anteriores à avaliação feita pela Unicef. Esse aumento sem precedentes tem implicações diretas sobre o status nutricional das crianças menores de cinco anos, bem como de outras populações vulneráveis.

81% das famílias não têm água limpa e segura. O acesso médio das famílias é de menos de um litro por pessoa por dia. Isso está longe do padrão mínimo de 15 litros por pessoa por dia e é especialmente preocupante para os bebês que são alimentados com fórmula infantil.

Uma em cada seis crianças (15%) entre seis e 23 meses de idade na parte norte da Faixa de Gaza está gravemente desnutrida.

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Mais de mil crianças tiveram um ou mais de seus membros amputados e milhares adquiriram deficiências devido a ferimentos e traumas, incluindo perda de audição e problemas de fala.

Milhares de crianças continuam sendo dadas como desaparecidas e é provável que estejam feridas ou mortas sob os escombros dos edifícios destruídos. Os esforços de resgate são prejudicados por ataques aéreos contínuos, escassez de combustível para veículos e equipamentos e recursos de comunicação limitados.

Existe hoje um chuveiro para cada 1.300 pessoas em Gaza.

Em média, 340 pessoas compartilham uma latrina. Os relatos de inundações são frequentes devido à destruição das principais estações de esgoto, com mais de mil incidentes desse tipo registrados na Faixa de Gaza. A falta de combustível aumenta ainda mais a crise de esgoto.

No final de janeiro, apenas a estação de tratamento de Rafah continuava funcionando, todas as outras não estavam acessíveis.

O gerenciamento de lodo fecal continua mínimo ou inexistente devido à falta de caminhões e produtos químicos para tratamento.

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A defecação a céu aberto é generalizada nos acampamentos, com o uso de "cavar e enterrar", e baldes estão sendo usados como substitutos de latrinas.

O acúmulo de resíduos sólidos em geral nas ruas, ao redor de hospitais e abrigos de deslocados internos é uma preocupação prioritária, pois dezenas de milhares de toneladas de resíduos públicos não coletados estão intensificando os riscos à saúde pública.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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