Jamil Chade

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Suíça convida Lula para cúpula sobre Ucrânia; Brasil defende presença russa

O governo da Suíça comunicou nesta terça-feira ao chanceler brasileiro Mauro Vieira que quer a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma cúpula que está sendo organizada para lidar com a guerra na Ucrânia. Mas o governo brasileiro insiste que um evento com chefes de estado e de governo apenas pode ocorrer se houver a inclusão de todos, inclusive de russos.

A reunião, que deve ocorrer em meados de junho, levaria para Suíça os principais líderes mundiais, na esperança que haja um consenso sobre um processo que permita criar uma negociação de paz para o conflito entre ucranianos e russos.

Vieira esteve na Suíça para um encontro com o conselheiro federal, Ignazio Cassis. Segundo ele, o convite ao presidente Lula será considerado, principalmente diante de sua intensa agenda de viagens pelo Brasil e diante das eleições municipais.

"Vamos examinar atentamente", disse o chanceler em conversa com o UOL. "É um convite para o chefe-de-estado", explicou.

Vieira reconhece que, sendo uma iniciativa dos suíços, a lista dos convidados depende dos anfitriões. "Suíça tem uma grande articulação diplomática e nesta semana estiveram na Arábia Saudita para tratar desse assunto", contou. "Eles estão sondando vários países. O que eles querem é ter uma discussão que abra o caminho para algo novo", disse.

Brasil defende presença de russos

O governo brasileiro vem afirmando ao longo dos meses que um processo de negociação apenas pode fazer sentido se envolver os russos. Mesmo em conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Lula alertou que não existe um acordo de paz "unilateral". Mais recentemente, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ucraniano criticou a possível viagem do brasileiro para a cúpula dos Brics, em outubro na Rússia e organizada por Vladimir Putin.

Esta não é a primeira tentativa da comunidade internacional em buscar um caminho negociador para a crise que já supera mais de 2 anos. No processo que começou na Dinamarca ainda no ano passado, a insistência dos ucranianos em fazer vingar seu projeto de paz impediu que houvesse avanço. A ausência dos russos tampouco ajudou.

"Não era um diálogo, era um monólogo e só havia um lado. Essas conversas precisam ser examinadas em outro contexto, com outros países de outras regiões, com países de peso e que possam fazer uma contribuição positiva para solucionar essa questão", disse Vieira.

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Os russos jamais foram convidados para o processo que começou na Dinamarca e, mesmo nos debates, o que ficava claro era a intenção dos ucranianos em receber da parte da comunidade internacional uma chancela para seu projeto que envolve uma retirada completa dos russos de seu território.

Vladimir Putin justificou aos brasileiros que aceitar a proposta de Zelensky seria equivalente a uma capitulação.

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