Israel usou DNA coletado em 2008 em cirurgia no cérebro de líder do Hamas
A morte de Yahya Sinwar, líder do Hamas, foi confirmada depois que os israelenses realizaram um teste de DNA com o corpo do palestino. Mas, para fazer a prova, o governo de Benjamin Netanyahu contou com um fato inusitado: os dados do militante estavam guardados num hospital do país que realizou uma cirurgia no cérebro de Sinwar, em 2008.
Nascido num campo de refugiados e em uma família miserável, o palestino foi um dos fundadores do Hamas nos anos 80. Mas passou 22 anos na prisão israelense. Ele foi preso em 1988 e condenado a quatro prisões perpétuas pela morte de dois soldados israelenses e quatro informantes palestinos.
Nos primeiros dias de sua prisão, o Sinwar foi interrogado por 180 horas e questionado se não era casado, apesar de ter 28 anos na época. Sua resposta: "O Hamas é minha esposa, o Hamas é meu filho. Para mim, o Hamas é tudo." Ao longo dos anos, ele se transformou em um líder dentro da prisão.
Sinwar foi solto apenas em 2011, depois de uma negociação para permitir que Tel Aviv conseguisse a liberação de um de seus soldados sequestrados, Gilad Shalit. O militar foi trocado por mais de mil palestinos que estavam mantidos por israelenses.
Mas foi na cadeia que o palestino descobriu um tumor no cérebro. Em 2008, ele seria operado e, desde então, os serviços secretos do país mantém todos seus dados.
Ao deixar a prisão, ele rapidamente subiu na hierarquia do Hamas. Sua visão era de que Israel não era um inimigo político. Mas uma potência ocupante.
Num discurso após sua libertação, Sinwar defendeu que a ala militar do Hamas sequestrasse soldados israelenses para garantir a libertação de mais prisioneiros palestinos. "A libertação de prisioneiros só será alcançada por meio do sequestro de judeus e de sua troca", disse.
Em 2017, foi eleito o líder do grupo em Gaza e passou a ser o arquiteto da estratégia militar do Hamas, inclusive dos ataques de 7 de outubro de 2023 contra Israel. Central nessa estratégia foi o acordo que ele fechou com o Irã, em 2012.
Com a morte de outras lideranças do Hamas, ele acabou assumindo o comando completo do grupo em meados do ano. Sua morte, portanto, representa um abalo importante para o Hamas e um ponto crítico para o conflito no Oriente Médio.
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