Jamil Chade

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Sob Trump, centenas de casos de invasores do Capitólio devem ser arquivados

Processos contra centenas de invasores do Capitólio devem ser arquivados sob o governo de Donald Trump. A previsão é do próprio Departamento de Justiça que indicou que conta com apenas alguns dias para ainda acusar os envolvidos nos ataques de 6 de janeiro de 2021, antes de uma mudança profunda na forma pela qual o evento será tratado.

Durante a campanha, o presidente eleito chamou a data do "dia do amor" e classificou os envolvidos de "patriotas". Em várias ocasiões, se referiu aos invasores como "nós", enquanto grupos radicais que participaram dos ataques passaram a fazer parte de seus comícios, em 2024.

Na quinta-feira, o Departamento de Justiça anunciou que acusou mais de 1.560 pessoas de crimes relacionados ao ataque ao Capitólio. Durante o ataque, 160 policiais foram feridos e a destruição custou aos cofres públicos US$ 2,8 milhões. Um dos líderes do grupo radical Proud Boys, Enrique Tarrio, foi condenado a 22 anos de prisão por conspirar contra os EUA.

Mas os promotores estimaram que até 2.500 pessoas poderiam ser acusadas. Sob o controle de Trump, a previsão é de que todos esses casos que ainda não foram formalmente acusados sejam arquivados e encerrados.

Em março, Trump sinalizou que iria perdoar os invasores como parte de suas primeiras medidas ao assumir o governo.

Ele minimizou a violência que se seguiu naquele dia, referindo-se aos réus como "reféns". Trump ainda compareceu a eventos de arrecadação de recursos para apoiar os invasores detidos.

Nos comícios da campanha, Trump ainda subiu ao palco com a música "Justice for All" (Justiça para Todos), do "J6 Prison Choir" (Coro da Prisão J6). Trata-se de um grupo de homens detidos por participarem da invasão.

A vitória de Trump, porém, já começou a ter um impacto nos julgamentos. Dois dias depois da eleição, um dos advogados dos invasores escreveu para uma corte apontando que seu cliente, que na época tinha 18 anos, seria "perdoado" por Trump.

"Durante toda a sua campanha, o presidente eleito Trump fez várias promessas de clemência para os réus de 6 de janeiro, especialmente para aqueles que eram participantes não violentos", escreveram os advogados de Christopher Carnell. "Carnell, que era um participante não violento de 18 anos no Capitólio em 6 de janeiro, espera ser liberado do processo criminal que está enfrentando atualmente quando o novo governo tomar posse", disse.

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O próprio processo contra Trump por tentar dar um golpe ao não aceitar os resultados da eleição de 2020 corre risco de ser abandonado. Na sexta-feira, o advogado especial, Jack Smith, pediu à Justiça uma pausa no processo e que fossem suspensos os prazos de arquivamento no processo que acusa o presidente eleito de conspirar para anular a eleição de 2020.

Smith, na mira de Trump, indicou que o governo precisa de tempo para "avaliar essa circunstância sem precedentes" (de ter o acusado vencendo a eleição) e determinar o curso apropriado para o futuro. A tradição do Departamento de Justiça proíbe a acusação de presidentes em exercício.

Em outubro, Trump prometeu demitir Smith "em dois segundos". "Ele será uma das primeiras coisas a serem tratadas", disse o então candidato.

Mesmo assim, o Departamento de Justiça indicou que tem mais dois meses antes da posse para trabalhar nos casos e indicou que, em três anos, essas foram as conclusões:

164 réus foram acusados de usar uma arma mortal ou perigosa ou de causar lesões corporais graves a um policial;

Conforme comprovado no Tribunal, as armas usadas e portadas nos terrenos do Capitólio incluem armas de fogo; spray; tasers; armas afiadas, incluindo uma espada, machados, e facas; e armas improvisadas, como móveis de escritório destruídos, cercas, suportes para bicicletas, escudos anti-motim roubados, tacos de beisebol, tacos de hóquei, mastros de bandeira, tubulação de PVC e luvas reforçadas;

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18 réus foram acusados de conspiração;

915 indivíduos se declararam culpados, 4 se declararam culpados de conspiração contra os Estados Unidos.

605 pessoas foram sentenciadas a períodos de encarceramento e mais 141 réus sentenciados a períodos de encarceramento em que lhes foi permitido cumprir a totalidade de sua sentença em prisão domiciliar.

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