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Reportagem

Muito além do Guarujá: PM mata por vingança e o governo incentiva por votos

Durante o programa Análise da Notícia, o repórter do UOL Luís Adorno e o analista criminal Guaracy Mingardi afirmaram que um dos motivos para a PM promover chacinas e assassinatos em série após a morte de um policial é a vingança. Além disso, também afirmaram que o governo, por meio das atitudes e declarações de seus mandatários, também acaba incentivando a letalidade policial.

A PM mata por vingança e o governo incentiva por votos.
José Roberto de Toledo

Modus operandi conhecido da PM de São Paulo. A chacina que aconteceu no Guarujá durante a Operação Escudo não é fato isolado em São Paulo. Em maio de 2006, quando a polícia revidou um ataque feito pelo PCC, foram mais de 500 mortos pela polícia em um mês. Outro fato ainda vivo na memória dos moradores da periferia de São Paulo aconteceu em 2015, na chacina de Osasco. Na ocasião, várias pessoas também foram mortas depois do assassinato de um policial militar.

Promessa sangrenta. Após o ocorrido em 2006, houve uma promessa de vingança dos policiais de que a cada policial morto, 10 pessoas seriam assassinadas. As vítimas para a vingança também são escolhidas a dedo: são jovens, negros, moradores de periferia e com passagem pela policia. Existe uma propensão para esse tipo de vingança toda vez que um PM é morto.

Todo homicídio merece resposta a partir de uma investigação séria, célere e que traga uma resposta para identificar o autor do homicídio no rigor da lei e punir a pessoa.
Luís Adorno

Guilherme Derrite sempre defendeu a letalidade policial. Em 2015, preocupado com o aumento da letalidade policial em São Paulo, o governo transferiu policiais com três ou mais mortes nos últimos 5 anos para outras unidades para evitar a criação de grupos de extermínio. O então PM Guilherme Derrite, hoje secretário de Segurança Pública de São Paulo, afirmou que era uma vergonha um policial não ter matado pelo menos três pessoas em 5 anos.

Discurso do mandatário interfere no modus operandi da PM. O discurso de um governador sempre tem que ser para os policiais não matarem e não incentivarem a letalidade policial, mas Tarcísio de Freitas (Republicanos) age de outra forma. Além de não desincentivar a violência policial de maneira clara, no caso específico do Guarujá, ele errou em precipitar conclusões sobre a chacina antes de as investigações serem concluídas e usar o discurso de combate à violência para conseguir votos.

Polícia tem que mostrar poder. Além da vingança ser um dos maiores motivos para a letalidade policial, há também outros dois motivos. Um deles é que a PM tem que mostrar poder, e, na cabeça de alguns policiais, quem mata está mostrando poder. Além disso, é muito mais fácil a PM ser violenta do que não ser violenta e fazer um trabalho bem feito no combate ao crime. O policial deveria ter em mente o cuidado para não ser violento demais, mas às vezes opta pelo caminho mais fácil.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

Reportagem

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