Conteúdo publicado há 11 meses
Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Mortalidade policial sobe em SP, e perfil é o mesmo: negro, jovem e pobre

A PM (Polícia Militar) de São Paulo aumentou sua taxa de mortalidade durante o primeiro semestre do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e, de acordo com o colunista do UOL José Roberto de Toledo, durante o programa Análise da Notícia, há um perfil predominante entre as vítimas.

A PM está matando mais e revertendo uma tendência histórica e matando um segmento específico da população: jovens, homens, negros, periféricos e pobres.
José Roberto de Toledo

PM de São Paulo interrompe série histórica de quedas. No primeiro semestre do governo de Tarcísio, a PM interrompeu quedas consecutivas nas mortes por policiais desde 2010. A queda de 2021 para 2022 chegou a 41%, indo de 343 para 202 ocorrências. No primeiro semestre de 2023, entretanto, o número subiu e foram contabilizadas 221 mortes por policiais.

PM mata mais do que a Polícia Civil. No primeiro semestre de 2022, a PM foi responsável por 181 mortes, enquanto a Polícia Civil foi a responsável pelas outras 21. Por outro lado, no mesmo período, 10 policiais militares foram mortos, enquanto seis civis morreram. No primeiro semestre de 2023, o número de mortes causadas pela PM subiu 11%, enquanto as mortes causadas por policiais civis caíram 5%. A PM matou mais em 2023, mas também morreu mais - uma elevação de 9%. Ou seja, a PM matar mais não diminui o risco de um policial morrer.

Maioria das vítimas policiais são homens e jovens. 99% das vítimas da PM de São Paulo são homens e, dessas vítimas, 3 em cada 4 tinham menos de 30 anos, enquanto 1 em cada 3 tinham menos de 20 anos. Além disso, dados da série histórica de 2010 até 2021, disponíveis no DataSus, mostram que 23 crianças com menos de 14 anos foram mortas nessas circunstâncias.

Negros são os que mais morrem. Além da morte de homens e jovens, 59% dos mortos pela polícia paulista são negros. Quando levamos em consideração o número total de mortes violentas em São Paulo, contabilizando acidentes, atropelamentos e homicídios, por exemplo, o número de vítimas negras é de 33%. Ou seja, a PM de São Paula mata 80% mais pessoas negras do que o número de mortes violentas desse recorte da população.

***

O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Continua após a publicidade

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes