Milei tem 'milhões' de motivos para desconfiar de Lula

Brasil e Argentina são grandes parceiros econômicos, com a Argentina sendo o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, e o Brasil o segundo maior parceiro comercial da Argentina. Por isso, uma boa relação entre os dois países é essencial.

É uma relação de fluxo comercial muito grande entre os dois países, e o que acontece de um lado da fronteira tem impacto no bolso dos moradores do outro lado da fronteira. José Roberto de Toledo

O pico do fluxo comercial entre Brasil e Argentina, ou seja, a soma das importações e exportações, aconteceu em 2011. Depois, em 2015, durante o período de instabilidade política no Brasil, começou a cair e atingiu seu ponto mais baixo em 2020, antes de voltar a subir a partir de 2022.

Dados disponíveis no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços desde 1997 mostram que, na série histórica, o saldo comercial do Brasil, ou seja, o valor das exportações brasileiras subtraídas das importações, costumam ser mais favoráveis durante os governos do PT.

Se eu sou argentino e estivesse tomando posse como presidente, eu estaria preocupado. Porque, de fato, minha relação comercial com o Brasil quando Lula está na Presidência, em geral, é ruim para a Argentina. José Roberto de Toledo

Durante o governo FHC, por exemplo, o saldo comercial foi negativo para o Brasil em US$ 7 bilhões. Durante o governo Lula 1, foi positivo em US$ 9 bilhões, e durante o Lula 2 foi positivo em US$ 14 bilhões.

Durante o governo Dilma 1, foi positivo em US$ 10 bilhões e em quase US$ 7 bilhões durante o governo Dilma 2. No governo Bolsonaro, entretanto, o saldo positivo caiu para apenas US$ 1,9 bilhão.

Apenas nos 10 primeiros meses do governo Lula em 2023, o saldo positivo já foi de US$ 4,7 bilhões, enquanto no mesmo período do ano passado foi de apenas US$ 2,3 bilhões.

Devido ao histórico do saldo comercial durante o governo Lula, portanto, Milei deve se preocupar, de acordo com Toledo.

Quando Milei xinga o Lula e diz que não pode conviver com ele, não é só uma questão ideológica. Aparentemente, tem uma questão comercial por trás também dele querer criar dificuldades para querer ganhar algum tipo de facilidade nessa negociação. José Roberto de Toledo

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