Policial é preso acusado de proteger traficante alvo da Interpol em SP
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Enquanto a Interpol (Polícia Internacional) procurava Anderson Lacerda Pereira, 40 anos, apontado como um dos maiores narcotraficantes do país, o policial civil Eric Roberto Miglioli prestava serviços de segurança ao criminoso e o alertava sobre possíveis operações policiais para prendê-lo.
Anderson está com prisão temporária decretada, mas continua foragido. Já Eric foi preso na semana passada por policiais civis do 4º Distrito de Guarulhos (SP), durante o desdobramento de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do crime organizado.
Segundo a Polícia Civil, Anderson tem ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e é acusado de ter adquirido, com dinheiro do tráfico de drogas, 15 casas de alto padrão em um condomínio no Arujá (SP) e 38 clínicas médicas e odontológicas na Grande São Paulo.
As investigações apontaram que Eric prestava serviços de segurança no Residencial 5, onde Anderson tem as propriedades. A Polícia Civil informou à reportagem que Eric controlava a entrada e saída de pessoas no condomínio e sempre alertava o patrão sobre a presença de policiais.
A Polícia Civil também informou à reportagem que Eric, em uma ocasião, apagou na portaria o registro das imagens que mostravam a chegada de um traficante amigo de Anderson no residencial.
De acordo com a investigação, graças aos serviços de segurança prestados por Eric, o traficante Anderson circulava tranquilamente em Arujá e municípios vizinhos, sempre em carros de luxo, ostentando relógios, colares de ouro e fumando charutos importados.
Chácara e livro sobre Pablo Escobar
Anderson frequentava constantemente uma espécie de minizoológico montado por ele em Santa Isabel (SP). A chácara tinha jacarés, jabuti, aves silvestres, ovelhas e carneiros.
A estrutura conta ainda com quadra de tênis, campos de futebol e de treinamento para cavalos, além de lago e piscina.
A chácara foi batizada de "Guamuchilito", nome da cidade no México onde nasceu Amado Carrillo Fuentes, líder de um dos maiores cartéis de drogas do mundo.
O imóvel continha ainda livros sobre o narcotraficante colombiano Pablo Escobar, de quem Anderson sempre foi admirador.
Mãe e filho do traficante tiveram prisão decretada
O traficante também frequentava a praia na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, litoral paulista, onde costumava ficar em um apartamento de sua propriedade.
Além de Eric foram presos na semana passada mais 11 pessoas. Anderson é acusado de ter montado um esquema de desvio de dinheiro público na Prefeitura de Arujá envolvendo contratos milionários superfaturados.
A mãe e o filho de Anderson também tiveram a prisão temporária decretada, mas continuam foragidos desde junho. Ambos são acusados de participação na lavagem de dinheiro do traficante.
Sobre a prisão de Eric Roberto Migliano, a SSP informou que o inquérito sobre lavagem de dinheiro corre em segredo de Justiça. A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Eric. Segundo a Polícia Civil, ele trabalhava no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
Anderson Lacerda Pereira foi condenado em 2014 a sete anos de prisão por tentar embarcar 32 kg de cocaína no porto de Santos (SP). A droga era destinada à máfia italiana Ndrangheta e seguiria para a Calábria via porto de Gioia Tauro, mas foi apreendida na operação Oversea, da Polícia Federal.
A defesa de Anderson disse que ele não é narcotraficante, nem pertence ao crime organizado. Advogados dos outros acusados disseram que desde o início das investigações, em março, ainda não tiveram acesso ao inquérito. Segundo a SSP, isso se deve ao segredo de Justiça.
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