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Polícia aguarda há um ano e meio perícia em 32 celulares de André do Rap
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A Polícia Civil de São Paulo aguarda há um ano e meio a perícia em 32 aparelhos de telefone celular apreendidos na casa do narcotraficante André Oliveira Macedo, 43, o André do Rap, em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro, em 15 de setembro de 2019, quando ele foi preso.
As extrações dos dados telemáticos devem ser realizadas pela DEA (Drug Enforcement Administration), a agência norte-americana de combate ao tráfico internacional de drogas. Segundo a Polícia Civil, os trabalhos não foram iniciados por "razões burocráticas". Os detalhes não foram explicados.
Em 17 de outubro de 2019, o juiz Olivier Haxkar Jean, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), deferiu a quebra do sigilo telemático e autorizou a DEA a fazer a pesquisa nas informações existentes nas memórias dos aparelhos eletrônicos, além de análises em possíveis dados apagados pelos investigados.
Relatório policial de 1º de outubro de 2019 encaminhado ao juiz pedindo as extrações armazenadas nos celulares dizia que no estado de São Paulo, a Polícia Civil adquiriu o software UFED (Universal Forensic Extraction Device), da empresa israelense Cellebrite. O documento explicava que a licença adquirida não era à época apta para acessar os dispositivos da Apple.
Dos 32 aparelhos de telefone celular apreendidos na casa de André do Rap, 23 são da Apple. De acordo com o relatório policial, a DEA mantém um escritório no Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, tem licença atualizada de dispositivos UFED e poderia realizar as extrações sem gerar qualquer custo.
A agência norte-americana também tem interesse em obter as informações armazenadas nos aparelhos apreendidos, por considerar André do Rap um dos maiores narcotraficantes do Brasil, acusado de ter enviado toneladas de cocaína para a Europa, via portos brasileiros, entre os anos de 2014 e 2019.
Além de André do Rap, policiais civis de São Paulo prenderam em Angra dos Reis os comparsas dele, Luciano Hermenegildo Pereira, 42, e Jefferson da Costa Moreira da Silva, 35. Os três foram condenados a 15 anos por tráfico internacional de drogas e estavam foragidos.
Também estavam na mansão em Angra a ex-mulher de André do Rap e quatro amigos, além de dois pilotos de helicópteros e um marinheiro, comandante de um iate de luxo de 60 pés, avaliado em R$ 6 milhões, usado pelo narcotraficante.
Os policiais apreenderam o iate, dois helicópteros, quatro jet skis, uma caminhonete importada, quatro computadores, um tablete, um cofre, diários de bordo, aparelhos DVRs (de gravações) e os 32 telefones celulares.
Os investigadores conseguiram obter apenas dados de outro celular utilizado exclusivamente em uma das aeronaves apreendidas. O aparelho era usado por um piloto de André do Rap. Ele revelou a senha. A partir desse equipamento, os policiais chegaram a outros dois números de telefones: um de André do Rap e outro de um amigo dele que estava na casa.
Os três aparelhos foram registrados em nome de pessoas idôneas, sem o conhecimento delas. Um deles estava em nome do apresentador de TV Rodrigo Faro. Segundo a Polícia Civil, os dados extraídos comprovam que um dos helicópteros apreendidos foi comprado por André do Rap por R$ 7 milhões.
André do Rap e os comparsas foram indiciados em inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro. A Polícia Civil considera importante o resultado das periciais nos celulares apreendidos para prosseguir com as investigações.
Defensores de André do Rap sustentaram em petições que os policiais civis não tinham mandados judiciais de busca e apreensão contra o cliente, mas apenas o de prisão. Eles pedem a nulidade das apreensões e também todas as possíveis provas delas derivadas.
Procurados pelo UOL, os advogados Anderson dos Santos Domingues e Áureo Tupinambá de Oliveira Fausto Filho não quiseram se manifestar sobre o caso porque o processo contra André do Rap corre em segredo de justiça. Os defensores se limitarem em dizer que provarão a inocência do cliente no momento oportuno.
André do RAP ficou preso um ano e um mês. Em outubro do ano passado, ele foi solto graças a um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O narcotraficante saiu pela porta da frente da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Antes de deixar a prisão, André do Rap forneceu endereço residencial no Guarujá. Só que ele não foi para casa. Poucas horas depois da soltura dele, ministros do STF derrubaram a decisão de Marco Aurélio Mello. Mas já era tarde. André do Rap já estava foragido.
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