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Avanço do PCC nas prisões e comunidades do RJ preocupa a Polícia Federal
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O avanço do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Rio de Janeiro preocupa a Polícia Federal. Investigações da PF apontam núcleos da facção criminosa paulista em quatro presídios e uma cadeia pública fluminenses e também na zona oeste carioca e na Costa Verde do estado (região de Angra dos Reis).
Segundo a Polícia Federal, ao menos 74 integrantes do PCC formam a célula Sintonia RJ. A principal missão deles é ajudar a expandir e fortalecer os negócios ilícitos da organização paulista, como tráfico de drogas e armas, roubos e fraudes no Rio de Janeiro.
Documentos aos quais o UOL teve acesso mostram que dois anos atrás havia 38 integrantes do PCC no sistema prisional fluminense, a maioria no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, e outros 36 em liberdade. Esse número já pode ter aumentado.
O Rio de Janeiro é um estado ao qual o Primeiro Comando da Capital atribui o status de focado, ou seja, a facção de São Paulo considera um objetivo estratégico dentro do planejamento macro.
Documento da PF
Para alcançar esse objetivo, o PCC se aliou ao TCP (Terceiro Comando Puro), do Rio, dentro das prisões fluminenses e também em algumas comunidades cariocas, principalmente na zona oeste, por causa da proximidade com o Complexo Prisional de Bangu.
Até a década passada, o PCC era aliado ao CV (Comando Vermelho). As duas facções entraram em conflito por causa da disputa pelo controle da rota e do mercado de drogas nas regiões de fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia.
As prisões onde estão os integrantes da célula Sintonia RJ são:
- Penitenciária Esmeraldino Bandeira (regimes fechado e aberto) - Bangu
- Presídio Benjamin de Moraes - Bangu
- Presídio Jonas Lopes de Carvalho - Bangu
- Cadeia Pública Pedro Melo da Silva - Bangu
- Instituto Penal Edgard Costa - Niterói
O PCC também mantém faccionados na Costa Verde do Rio. Angra dos Reis é um dos lugares mais procurados pelos criminosos paulistas. Foi lá que André de Oliveira Macedo, o André do Rap, o maior narcotraficante da facção de São Paulo, acabou preso em uma mansão em setembro de 2019.
Prioridade da PF
O combate à expansão do PCC no Rio é prioridade da PF. Um trecho do relatório de investigação traduz a preocupação: "As informações revelam dados extremamente significativos e de suma importância para o enfrentamento deste mal que assola o país e agora busca instalar-se no seio da sociedade carioca".
Em agosto do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a Operação Expurgo e identificou 27 pessoas ligadas ao PCC e envolvidas com a célula Sintonia RJ. Desse total, 13 já estavam presas. O nome expurgo quer dizer livrar-se do pernicioso, no caso impedir o avanço do PCC no Rio.
Em março deste ano, agentes federais prenderam, durante a Operação Expurgo 2, Edmar Francisco dos Santos, 31, conhecido como 130. Ele foi capturado na Cidade Kemel, zona leste de São Paulo, e era considerado um dos chefes da célula Sintonia RJ.
Na última segunda-feira (7), em mais um desdobramento da Operação Expurgo, os federais prenderam outro integrante da mesma célula. Severino Ramos da Silva, 61, o Velhote, estava em São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), quando foi surpreendido pelos policiais.
Velhote morava na Praia Grande, Baixada Santista, onde controlava o tráfico de drogas para o PCC. O criminoso era monitorado pela PF. A mulher dele havia marcado uma consulta médica em São José dos Campos. Os agentes descobriram que Velhote iria levá-la até lá.
As investigações da PF apontaram ainda que o paulista Luciano Iatauro, 39, o Da Leste, é o principal integrante da Sintonia RJ e sempre exerceu liderança, mesmo preso na Penitenciária Esmeraldino Bandeira. Ele foi apontado pela PF como o chefe do PCC no Rio de Janeiro.
Os agentes apuraram que Da Leste mantém contato com faccionados do PCC nas ruas e prisões e que negocia com comparsas remessas de drogas, armas e munição para serem distribuídas em favelas cariocas dominadas pelo Terceiro Comando Puro.
Presos de SP
A PF descobriu também que Da Leste, Edmar 130 e Velhote criaram no WhatsApp um grupo de comunicação denominado "Família PCC - 1533". Os integrantes participavam pelo celular de conferências com criminosos em liberdade e com presos dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Pará.
Em uma das conferências monitoradas pela PF, um alvo diz que um comparsa foi preso em flagrante transportando 430 kg de cocaína para o PCC, mas no final acabou libertado mediante pagamento de R$ 1,5 milhão de propina para os policiais que o detiveram.
Muitas mensagens eram escritas em espanhol, para os membros da sintonia dos estados e países, indicando que o PCC se comunica também com faccionados na Europa. Os recados reforçam a necessidade de expandir a atuação da organização paulista no Brasil e no Exterior.
Em São Paulo, o grupo mantinha contatos com Joaquim Bernardo dos Santos Melo, 40, o Joka, preso à época na Penitenciária 2 de Mirandópolis, e Jackson Israel dos Santos, 35, o JP, recolhido na Penitenciária de Presidente Bernardes. As duas unidades são fortes redutos do PCC.
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