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Sargento acusado de trabalhar para o PCC movimentou R$ 751 mil, diz PM
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O sargento da Polícia Militar Farani Salvador Freitas Rocha Júnior, 38, acusado de ter recebido propina de traficantes de drogas do PCC (Primeiro Comando da Capital) para facilitar as ações ilícitas da facção criminosa movimentou R$ 751.696,00 de janeiro de 2019 a março de 2020.
Farani está preso no Presídio Militar Romão Gomes por suspeita de ter mandado matar o cabo da PM Wanderley Oliveira Almeida Júnior, 38. O crime aconteceu em 5 de fevereiro de 2020, em um restaurante em Itaquera, zona leste de São Paulo, onde a vítima fazia bico (serviço extra).
Dias antes de morrer, o cabo confidenciou a amigos PMs que se alguma coisa acontecesse com ele, o responsável seria Farani, pois ele havia descoberto que o sargento tinha envolvimento com traficantes de drogas da favela Caixa D'Água, em Cangaíba, zona leste, e iria denunciá-lo aos seus superiores.
A Justiça autorizou a quebra dos sigilos fiscal e telefônico do sargento. A Corregedoria da Polícia Militar apurou que no mesmo período em que Farani movimentou mais de R$ 750 mil, ele recebeu R$ 45.570,35 de proventos da Polícia Militar.
No IPM (Inquérito Policial Militar) instaurado para investigar a morte do cabo Wanderley consta que "pesa sob o sargento a suspeita de receber vantagem financeira por parte de facção criminosa atuante no estado de São Paulo para colaborar e participar de atividades ilícitas".
Em outro trecho do IPM é mencionado que Farani "apurou rendimentos extremamente superiores aos auferidos licitamente pelo cargo público que ocupa". Além de ser denunciado à Justiça pelo homicídio de Wanderley, o sargento também é investigado pela Polícia Civil por lavagem de dinheiro.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investiga se Farani também atuava como pistoleiro do PCC. O sargento é suspeito de ter matado Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, em fevereiro de 2018, no bairro do Tatuapé, zona leste paulistana.
Uma semana antes de ser morto, Cabelo Duro participou dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em Fortaleza, no Ceará. Ambos eram da cúpula do PCC e foram decretados à morte sob a acusação de desviar dinheiro da facção criminosa.
Farani também é apontado pelo DHPP como suspeito pelo assassinato do assaltante de bancos Cláudio Roberto Ferreira, o Galo, em 23 de julho de 2018, também no Tatuapé. Três dias antes desse crime, O sargento havia pedido para Wanderley consultar a placa do carro de Galo.
Galo, por sua vez, foi acusado de ter atraído Cabelo Duro para a morte. O DHPP acredita que ambos foram assassinados como queima de arquivo, a mando do PCC, e que Farani agiu como pistoleiro a serviço da organização criminosa.
O departamento já tinha apurado que Farani prestava serviços para os traficantes de drogas Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django, e Sílvio Luiz Ferreira, 43, o Cebola.
Cara Preta foi assassinado em dezembro do ano passado e Django, em janeiro deste ano na guerra interna do PCC. Os crimes aconteceram na zona leste. Assim como Cebola, ambos também chefiavam o tráfico de drogas na favela Caixa D'Água, mesmo local onde Farani atuava em serviço para favorecer o PCC, segundo o DHPP e a Corregedoria da PM.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados do sargento Farani, mas publicará na íntegra a versão dos defensores dele assim que houver um posicionamento.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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