Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
SP: Polícia indicia acusados de matar jovem que recusou beijar chefe do PCC
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Suspeito de roubo de cargas, Marco Antônio Ferreira Koti, 30, o Sheik, é investigado pelo desaparecimento de Karina Martins Bezerra, 26. A jovem sumiu em 25 de agosto de 2022, após ter recusado beijar um integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a polícia e o próprio relato da vítima.
A Polícia Civil acredita que ela foi assassinada. O suspeito e um outro homem foram indiciados pelo crime.
Segundo a Polícia Civil, Sheik é suspeito de ter levado Karina até o cativeiro em um ferro-velho no Itaim Paulista, zona leste paulistana, onde a garota foi "julgada" por três integrantes do "tribunal do crime" do PCC e decretada à morte.
Policiais apuraram que Sheik ocupa posição de destaque no PCC. Responsável pelo batismo de novos faccionados, ele foi preso em novembro de 2022, sob a acusação de ter comandado ao menos 52 roubos de carga somente na região do Brás desde agosto de 2021.
Na noite de 14 de agosto, Karina tinha ido à Adega MD, no Itaim Paulista, com duas amigas. Ela se recusou a beijar um traficante de drogas conhecido como Xenon, integrante do PCC, e acabou sequestrada pelo criminoso e levada a um cativeiro na mesma região.
Policiais militares foram avisados sobre o arrebatamento, fizeram incursão em uma favela e libertaram a vítima. Seis pessoas foram presas em flagrante e respondem a processo por extorsão mediante sequestro e associação à organização criminosa. Xenon seria chefe do PCC na zona leste e até agora não foi identificado.
Sequestrada duas vezes
Depois do susto, Karina permaneceu 10 dias na casa dos pais, também no Itaim Paulista. A jovem, no entanto, foi sequestrada pela segunda vez e levada a outro cativeiro, para o "tribunal do crime".
Em 14 de setembro, após denúncias, agentes do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) prenderam Brendon Macedo Soares, 28, na Vila Curuçá, zona leste de São Paulo. Segundo a Polícia Civil, ele era um dos três integrantes do "tribunal do crime" da facção criminosa.
Em depoimento nas dependências do Deic, Brendon disse que não participou do "julgamento" de Karina. Afirmou que a garota havia sido levada para a Favela de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, e depois disso não a viu mais.
Brendon acrescentou que saiu de Paraisópolis, entrou em um Hyundai HB emprestado pela cunhada dele e escoltou o veículo de Karina, um Chevrolet Onix, até um supermercado no Itaim Paulista. Ele disse também que em seguida deixou o motorista do Onix no Rodoanel.
Mentiu no depoimento
Os agentes do Deic chegaram até Sheik depois que peritos do IC (Instituto de Criminalística) examinaram o Hyundai HB 20 e encontraram as impressões digitais dele no veículo.
De acordo com os policiais, Brendon mentiu no depoimento. A princípio, ele contou que Karina tinha sido levada para a Favela de Paraisópolis.
Investigadores descobriram que ele recebeu ligação telefônica de um preso, integrante superior do PCC, determinado que se apresentasse com Sheik no "tribunal do crime" no ferro-velho da zona leste.
O Deic também apurou que Sheik batizou Brendon no PCC e que os dois moraram em apartamentos diferentes em um mesmo condomínio na Vila Curaçá, zona leste. A polícia sabe que o residencial foi invadido por vários integrantes da facção.
Sheik admitiu aos policiais conhecer Brendon e ter andado de carro com ele. Mas, assim como Brendon, negou o envolvimento com o PCC e a participação no desaparecimento de Karina. Ambos foram indiciados pelo provável assassinato da jovem e por associação à organização criminosa.
O Deic procura um terceiro suspeito de participação no "tribunal do crime". Os agentes têm a qualificação completa, como nome, idade, apelido e até foto dele. Os policiais tentam localizar onde o corpo de Karina foi desovado.
Outro lado
O advogado Kaled Lakis, defensor de Sheik, disse que seu cliente se diz inocente, nega envolvimento no crime, não integra facção criminosa e que a impressão digital dele foi encontrada no carro usado por Brendon porque ambos eram vizinhos e pegou carona com ele.
Segundo a Polícia Civil, Brendon não constituiu advogado particular e é assistido juridicamente pela Defensoria Pública. A coluna não conseguiu localizar o defensor público que atua no caso do preso, mas publicará a versão dele, se houver uma manifestação.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.