Topo

Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

PCC usou fuzis da PM de SP em fuga alucinada após ataque em Confresa (MT)

Fuzil da PM de SP apreendido com criminosos de ataque em MT - Divulgação/Polícia Civil de Tocantins
Fuzil da PM de SP apreendido com criminosos de ataque em MT Imagem: Divulgação/Polícia Civil de Tocantins

Colunista do UOL

10/05/2023 04h00Atualizada em 11/05/2023 09h56

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ladrões ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) usaram dois fuzis belgas da Scar, calibres 7,62, furtados da Polícia Militar do Estado de São Paulo durante tentativa de assalto a uma empresa de transportes de valores em Confresa, em Mato Grosso, em 9 de abril deste ano.

As mesmas armas também foram utilizadas pelos assaltantes para espalhar o terror no Mato Grosso e em Tocantins durante uma fuga alucinada. A perseguição ao bando, a maior já registrada no Brasil, mobiliza 350 policiais de cinco estados (MT, TO, PA, GO e MG) e já dura um mês. Até agora 16 criminosos morreram em tiroteios com policiais e outros cinco acabaram presos.

Os fuzis foram apreendidos com ladrões mortos em confrontos no estado do Tocantins. Eles têm o brasão da Polícia Militar de São Paulo. Segundo informações da Polícia Civil de Paraíso de Tocantins, só a PM paulista tem esse armamento no país. Um deles possui a numeração H031590 e o outro, H031844.

A reportagem procurou a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) de São Paulo para saber de qual unidade da Polícia Militar e quando os fuzis foram furtados e se alguém foi identificado e responsabilizado pelo furto.

A pasta informou que "a Corregedoria da PM apura todas as circunstâncias dos fatos por meio de IPM (Inquérito Policial Militar), o qual tramita sob sigilo, de acordo com o Código de Processo Penal Militar".

Em 5 de novembro de 2021, esta coluna informou que ladrões invadiram a 3ª Companhia do 1º Batalhão de Policiamento Rodoviário (1º BPRv), em Santos, e furtaram seis fuzis, dois deles Scar, calibres 7,62. As armas podem ser as mesmas usadas no ataque à empresa de valores em Confresa.

Bando do PCC

A Polícia Civil de Paraíso do Tocantins informou que a maioria dos assaltantes mortos nos confrontos é de São Paulo. A reportagem apurou que integrantes da quadrilha eram ligados ao PCC e alguns inclusive cumpriram pena em presídios onde estavam recolhidos líderes da facção criminosa.

É o caso de Célio Carlos Monteiro, 62, o Ceará. Ele é um dos ladrões mortos em tiroteio. O criminoso era conhecido da polícia paulista, especialmente da Delegacia de Repressão a Roubo a Bancos do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

Célio tinha condenação de 39 anos e 8 meses pelos crimes de roubos, posse e comercialização de armas de fogo e receptação. Ele foi acusado de fazer parte de um bando que em 2013 levou R$ 2 milhões, além de bilhetes da CPTM, de um carro-forte da Protege em Suzano, na Grande São Paulo.

Na ação, os assaltantes usaram explosivos, fuzis e até uma pistola Taurus roubada de um policial militar. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, com Célio e um comparsa foram apreendidos dois fuzis, a pistola Taurus roubada do PM, oito granadas e parte dos bilhetes da CPTM.

A ficha criminal de Célio era extensa. Ele foi preso pela primeira vez em novembro de 1987. Cumpriu pena em diversos presídios paulistas, muito deles fortes redutos do PCC, como a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, Penitenciária 1 de Avaré e Penitenciária de Araraquara.

O assaltante também ficou preso no CRP (Centro de Reabilitação Penitenciária) de Taubaté, no Vale do Paraíba, no período de 28 de junho a 11 de dezembro de 2002. Foi nessa unidade que oito prisioneiros fundaram o PCC em 31 de agosto de 1993.

Célio estava em prisão domiciliar desde 23 de fevereiro de 2018. A reportagem não conseguiu contato com o advogado dele, mas publicará na íntegra a versão do defensor do assaltante, se houver manifestação.