Leonardo Sakamoto

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Opinião

Plano para matar Lula e explodir Moraes abre porta da cadeia a Bolsonaro

A pressa de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em reduzir a gravidade do plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes em dezembro de 2022, revelado com a operação que prendeu quatro militares envolvidos nesta terça (19), é indicativo de que a família sabe que o caso coloca Jair mais próximo de uma longa temporada na Papuda.

"Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime", disse o senador. Pensar, não, mas planejar com riqueza de detalhes, incluindo as armas e venenos a serem usados, conectando a execução da chapa vencedora das eleições com a permanência do derrotado no poder e usando a estrutura do Palácio do Planalto, com a participação ativa do candidato a vice derrotado, general Braga Netto, não é um crime, mas um pacote deles.

Já era público que os "kids pretos", forças especiais do Exército, tinham participação-chave na intentona golpista, bem como o envolvimento da casa do quase vice em planos pouco democráticos, a grana que estava sendo levantada por Mauro Cid para trazer esse pessoal do Rio para Brasília, os planos para seguir e matar Moraes e a participação de Jair na edição da minuta para decretar golpe de Estado. A grande novidade é o envolvimento de militares de alta patente para matar Lula e Alckmin, com conexão com o centro do poder.

A operação da Polícia Federal que prendeu o general da reserva Mario Fernandes, os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares traz novas peças ao quebra-cabeças do golpe dias após o homem-bomba Francisco Wanderley Luiz tentar explodir o Supremo Tribunal Federal. O que não é aleatório.

Os planos dos militares estão diretamente relacionados às explosões causadas pelo extremista na praça dos Três Poderes. "Tiu França", como era conhecido, é o último contaminado, pelo menos dos que conhecemos, de um plano de mortes que o bolsonarismo gestou para mandar o Estado democrático de Direito para o vinagre. Não à toa, um de seus objetivos declarados era mandar Xandão pelos ares, tal como pretendiam os kids pretos.

A esses planos, outros podem ser incluídos, como a bomba colocada em um caminhão de combustível para explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal de 2022. Os bolsonaristas queriam que as centenas de mortes decorrentes do ato terrorista abrissem caminho para a intervenção das Forças Armadas - tal como queriam os militares bolsonaristas e o homem-bomba.

A revelação do plano e as prisões em meio à reunião do G20, com a cúpula do poder global reunida no Rio de Janeiro, faz com que a história repercuta em jornais de todo o mundo. E se o homem-bomba Francisco havia enterrado o projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro, que está fermentando feito chorume no Congresso Nacional, as prisões desta terça são a pá de cal.

Se aqueles que fomentaram tudo isso e se beneficiariam dos desdobramentos do golpe não forem punidos, o mesmo caldo de onde saiu o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes continuará transformando pacatos chaveiros em cidades como Rio do Sul em aberrações como o homem-bomba do STF. A anistia será uma licença para explodir, envenenar e fuzilar.

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Bolsonaro e Braga Netto precisam ser indiciados pela Polícia Federal, denunciados pela Procuradoria-Geral da República e condenados pelo Supremo Tribunal Federal. A prisão deles e de outros não vai resolver a ferida aberta por eles no peito da democracia, mas pode estancar a hemorragia.

Em tempo, algumas perguntas importantes: Se o plano golpista tivesse o apoio da pirâmide financeira nacional, essa loucura teria vingado? A geração pós-golpe de 1964 das Forças Armadas é mais burra ou a certeza de impunidade era tamanha que não se importavam que fossem descobertos? Braga Netto será preso de forma preventiva em algum momento ou o Exército vai pressionar par que não?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL