Operação da PF deixa direita aturdida e compromete liderança de Bolsonaro
A Operação da Polícia Federal — que revelou um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes — deixou a direita "aturdida".
Conforme relatos ouvidos pela coluna, os grupos de WhatsApp que reúnem políticos, empresários e militares de direita estão praticamente "mudos" desde a deflagração da Operação pela PF na manhã desta terça-feira (19) devido à gravidade dos fatos.
No grupo da oposição do Congresso, também prevalece o silêncio, conforme relatos de deputados.
Apenas os filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, saíram em defesa do pai. Flávio disse que "pensar em matar não é crime" e Carlos que "o único que efetivamente sofreu uma tentativa real de assassinato foi Bolsonaro".
Políticos próximos ao ex-presidente, como o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), não se manifestaram em público e também não quiseram dar entrevista.
Caciques do centrão em conversas com a coluna avaliam que a liderança política de Bolsonaro está seriamente comprometida, embora isso não necessariamente signifique uma mudança de voto de uma parcela significativa da população que opta pela centro-direita.
Eles apostam numa denúncia robusta da PGR (Procuradoria Geral da República) contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado e acreditam que está sepultada qualquer tentativa de anistia pelo 8 de Janeiro.
"Bolsonaro nunca se deu conta que seu ápice foi em 2018, quando se elegeu. Dali para frente ele só minguou, porque não soube liderar o país", diz um cacique político.
As lideranças também acreditam que o impacto vai ficar restrito a Bolsonaro e ao seu entorno sem afetar demasiadamente os políticos ou os partidos que o apoiam.
Até mesmo Valdemar deixaria de ser "refém" de Bolsonaro e de seu grupo, passando a ter maior influência no PL e no fundo eleitoral para 2026, avalia uma fonte.
Políticos experientes como Ciro, que já apoiou Lula no passado, também não devem ter dificuldades para desvencilhar sua imagem da do ex-presidente.
Pessoas próximas a Tarcísio acreditam que o governador já mostrou uma relativa independência na eleição para a prefeitura de São Paulo quando apoiou o candidato vitorioso, Ricardo Nunes (MDB), a despeito da resistência de Bolsonaro.
E apostam que ele conseguiria sobreviver ao seu padrinho político, já que representa uma direita mais moderada.
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