Aluna da USP que desviou R$ 1 milhão pede exame psiquiátrico; Justiça nega
A estudante de medicina da USP Alicia Dudy Muller, que confessou ter desviado R$ 937 mil arrecadados pelos colegas de faculdade para a festa de formatura, pediu à Justiça para se submeter a uma perícia psiquiátrica.
Denunciada pelo Ministério Público sob acusação de estelionato, a estudante disse à Justiça que, para conter crises de ansiedade sofridas durante o período universitário, passou por acompanhamento psiquiátrico com uso de medicamentos controlados. À época dos fatos, afirmou, estava com seu estado emocional agravado por ter interrompido o uso desses medicamentos.
O juiz Paulo Balbone Costa rejeitou o pedido. Ele declarou na decisão que os transtornos de ansiedade e as crises decorrentes da interrupção do tratamento médico não são capazes de cercear a capacidade de entendimento da situação, não afetando a consciência do caráter ilícito dos fatos.
O magistrado disse ainda que a estudante não expressou qualquer fato "capaz de indicar que sua capacidade volitiva pudesse estar comprometida", citando que ela mantinha sua vida acadêmica normalmente, incluindo atividade de pesquisa para um doutorado, mesmo estando na graduação.
A estudante ainda pode recorrer.
Ocorrência e investigação
A investigação contra a estudante começou depois que uma colega registrou um boletim de ocorrência na polícia. Alícia teve o seu sigilo bancário quebrado, de modo que foi possível rastrear o uso dado a parte do dinheiro.
Segundo a polícia, ela comprou um IPad Pro de R$ 6 mil, alugou um apartamento por R$ 3.700 durante cinco meses (incluindo o valor do condomínio) e alugou um carro por R$ 2 mil.
São 110 alunos que se esforçaram para entrar na faculdade de medicina da USP e agora estão vendo esse sonho [da formatura] correndo risco.
Zuleika Gonzalez Araújo, delegada, em janeiro deste ano
Em depoimento à polícia, Alicia disse que o dinheiro não estava sendo bem gerido pela empresa contratada para cuidar da formatura e que resolvera administrá-lo por conta própria, mas que acabou fazendo péssimas aplicações, perdendo valores. Ela disse ainda que tentou recuperar os recursos fazendo apostas em uma lotérica.
O advogado Sérgio Giolo, que representa a estudante, disse à Justiça que ela é inocente, mas o pedido de absolvição sumária foi rejeitado.
Em mensagem enviada em agosto à coluna, o advogado afirmou que a inocência da estudante ficará comprovada no curso da ação penal, mas que não poderia revelar detalhes da defesa apresentada — pois o processo tramita sob segredo de Justiça.
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