Rogério Gentile

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Prefeitura de SP pede penhora de bens de Maluf, condenado há 30 anos

A Prefeitura de São Paulo pediu à Justiça a penhora de cinco imóveis do ex-prefeito Paulo Maluf.

O pedido foi feito em um processo aberto em 1993 no qual Maluf foi condenado a devolver aos cofres públicos os valores gastos em uma campanha publicitária considerada ilegal. Em valores atualizados, com juros e correção monetária, a dívida é calculada em ao menos R$ 417 milhões.

A ação foi aberta pelo então vereador Maurício Faria (PT), que o acusou de fazer promoção pessoal com dinheiro público.

Isso porque ao assumir a prefeitura em 1993 Maluf adotou como marca da sua administração um trevo de quatro folhas em formato de corações, o mesmo símbolo da sua campanha eleitoral. A única diferença é que, na prefeitura, ele agregou um vaso ao trevo e a frase "São Paulo Crescendo".

Em 1994, o juiz José Marcio do Valle Garcia deu razão ao vereador e condenou Maluf.

"A associação [com a imagem de Maluf] é instantânea e atinge a meta de divulgação pessoal", afirmou na sentença. "A promoção pessoal, além, de ser ilegal, afronta os princípios da moralidade e impessoabilidade."

Marca impessoal

Maluf recorreu da sentença, alegando que a marca era impessoal. "A nova figura não repete a da campanha eleitoral, não trazendo nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal", afirmou à época.

Segundo ele, o processo tinha conotação política, aberto por um vereador que "investiu contra o prefeito para especular politicamente, preocupado apenas com a divulgação da sua iniciativa e os efeitos publicitários daí decorrentes".

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Maluf disse à Justiça que o trevo era apenas um símbolo de "sorte", sem relação com a sua imagem.

O recurso foi rejeitado e a condenação passou a ser definitiva em 2007, quando transitou em julgado.

Desde então, a prefeitura tenta receber os valores de volta, sem sucesso, uma vez que o ex-prefeito apresentou uma série de petições questionando, entre outros pontos, o cálculo da dívida, feito com base nos prejuízos gerados aos cofres públicos.

"Excelência, estamos diante de um claro cenário de excesso de execução", disse a defesa do prefeito à Justiça em março de 2024.

O processo já tem mais de 4.600 páginas.

Não houve decisão ainda em relação ao pedido de penhora dos bens de Maluf, que completará 93 anos em setembro.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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