Partido de Sergio Moro enviou ao processo provas contra o ex-juiz
Mensagens que podem ser usadas como provas contra Sergio Moro no processo em que o senador é ameaçado de perder o mandato foram enviadas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná pelo União Brasil, o próprio partido do ex-juiz.
O julgamento foi iniciado anteontem e deve continuar nesta quarta-feira (3), caso o desembargador José Rodrigo Sade devolva o seu pedido de vista — como é a expectativa que faça hoje no início da sessão, às 14h. O relator, Luciano Falavinha Souza, deu parecer contra a perda de mandato.
O advogado Guilherme Ruiz Neto atua no processo pelo PL do Paraná e contra o senador. Em entrevista ao UOL News, Ruiz revelou que uma advogada do União Brasil alertou que os gastos individualizados do então pré-candidato podiam caracterizar uma campanha antecipada. Uma campanha recheada de traições.
Moro é acusado pelo PL e pelo PT de ter estourado os limites de gastos com sua campanha e pré-campanha eleitoral em 2022.
PL e PT citam que ele utilizou recursos quando era candidato a presidente da República, pelo Podemos, e a deputado federal, pelo União Brasil de São Paulo.
"Ou seja, até mesmo os aliados de Moro, antes da campanha a senador, já estavam preocupados com o que vinha acontecendo", disse Ruiz Neto também em um vídeo que ele próprio distribuiu antes do julgamento e a cuja transcrição o UOL teve acesso.
Segundo Ruiz Neto, o email do União Brasil mostra que "não foi por falta de aviso" que o ex-juiz violou a lei eleitoral.
Questionado sobre como a banca adversária teve acesso a um email interno do partido de Moro, o advogado respondeu que foi o próprio União Brasil que o enviou à Justiça.
Segundo Ruiz Neto a justiça eleitoral determinou que o partido juntasse ao processo a documentação que dispunha acerca dos gastos de campanha.
Mas o fato é que, em geral, esses emails de comunicação interna dos departamentos jurídicos não costumam ser anexados. Os partidos só os colocam quando isso interessa.
Esse ponto é que deixou os aliados mais próximos de Sérgio Moro desconfiados de que ele está sendo vítima de traições do campo da direita e em seu próprio partido. Afinal, há políticos de todos os lados interessados na vaga do senador, caso ele perca o mandato.
Não foi à toa que o PL de Jair Bolsonaro, mesmo com Moro tendo declarado apoio à reeleição do ex-presidente, manteve a ação em que pede a cassação do ex-juiz.
O partido tem dois possíveis candidatos à vaga. A primeira da lista é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O outro nome é o do ex-deputado federal Paulo Martins, que chegou como segundo colocado para senador na disputa contra Moro em 2022.
Outro possível candidato no campo da direita é o deputado federal licenciado e secretário de Indústria do Paraná, Ricardo Barros, do Progressistas. Em entrevista na Assembleia Legislativa, Barros afirmou que estará entre os participantes do pleito, e que acredita na cassação de Moro.
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Quero receber"A jurisprudência indica que Moro terá o mesmo destino do caso de Mato Grosso, onde houve cassação. Havendo eleição suplementar, quero colocar meu nome à disposição", afirmou.
Além de Paulo Martins e Ricardo Barros (PP), o ex-senador Álvaro Dias (Podemos) também está de olho na vaga.
Foi ele quem convenceu Moro a se filiar ao Podemos para concorrer à Presidência. Dias acabou atropelado pelo ex-juiz, que decidiu concorrer ao Senado contra ele, derrotando-o.
A própria esposa de Moro, deputada Rosângela Moro, é apontada como uma possível candidata pelo União Brasil se a Justiça Eleitoral condenar o ex-juiz. Ela está transferindo seu título eleitoral de São Paulo para o Paraná.
Fora a torcida contrária no campo da direita, de onde acredita vir as maiores traições, Sergio Moro também vê crescer na esquerda os candidatos a seu lugar. Especialmente no PT, que divide com o PL a ação contra Moro da Justiça eleitoral.
A deputada e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, é uma das que torcem abertamente pela derrota de Moro. Ela já demonstrou interesse em se candidatar ao Senado.
Mas há outro nome do PT na disputa — o ex-líder na Câmara Zeca Dirceu, que é filho do ex-ministro José Dirceu. Zeca já se disse "animado" com a possibilidade da candidatura.
Antes, Gleisi também se preocupava com outro nome forte para a vaga — o ex-governador Roberto Requião, que deixou o partido na semana passada. A especulação era que Requião poderia apoiar Gleisi se, em troca, assumisse um cargo no primeiro escalão do governo Lula.
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