Topo

Ex-sócio de Gil Rugai depõe hoje; número de testemunhas no 3º dia do júri sobe para 10

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

20/02/2013 09h39

Rudi Otto, ex-sócio de Gil Rugai, será ouvido nesta quarta-feira (20), terceiro dia do júri popular do ex-seminarista, como testemunha do juiz.

Gil Rugai é acusado de matar o pai e a madrasta em 2004. De acordo com o assistente da acusação, Ubirajara Mangini, Otto havia sido arrolado pela defesa, que o dispensou.

"Como ele foi dispensado antes do início do plenário [segunda-feira], pudemos usá-lo como testemunha da acusação", disse Mangini.

De acordo com Mangini, o depoimento do rapaz será importante no sentido de provar que Gil Rugai guardava a suposta arma do crime na agência KTM, no bairro dos Jardins, zona oeste da cidade.

Foi na caixa de águas pluviais do prédio em que funcionava a empresa que a pistola calibre 380 usada no crime foi encontrada cerca de um ano e meio após os assassinatos.

"O Rudi desconfiou do Gil já no dia seguinte ao crime, tanto que foi conferir a arma e não a encontrou mais", disse Mangini.

Para o advogado Marcelo Feller, que representa o réu, o depoimento do ex-sócio não afetará a linha já adotada pela defesa. “O interessante é que [à época da investigação], assim que o Rudi sai da polícia, onde teria dito que viu o Gil armado, ele mesmo sai na imprensa e avisa: eu não falei nada disso”, declarou.

Outros depoimentos

Além de Otto, estão previstos outros nove depoimentos para hoje: o de uma testemunha arrolada pelo juiz do caso, Adílson Simoni, e as oito testemunhas que restam das nove arroladas pela defesa do réu. O primeiro nome desse grupo foi ouvido ontem à noite --o perito particular Alberi Espíndula.

Para este terceiro dia, a defesa apresenta, entre outros nomes, o irmão do réu, Léo Rugai, o jornalista Valmir Salaro, da TV Globo, além de contadores da empresa da vítima.

Para um dos advogados de Gil Rugai, Marcelo Feller, não há uma hierarquia de relevância entre os nomes que devem ser ouvidos hoje. "As testemunhas mais importantes já foram ouvidas", disse, referindo-se a um vigia que afirma ter visto Gil Rugai deixar o local do crime e o delegado que investigou o caso pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Rodolfo Chiareli.

Apesar de o vigia ter reafirmado em juízo ter visto Gil Rugai saindo da casa das vítimas, os advogados de defesa exploraram contradições no depoimento, como a distância a que a testemunha estaria do jovem e a descrição das roupas que o réu usava no dia.

Porto dos fundos

Hoje Gil Rugai entrou pela primeira vez pela porta dos fundos do Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. A informação foi confirmada pela assessoria do TJ às 9h50. Nos dias anteriores, o réu utilizou a entrada principal do local.

Sobre a entrada de Rugai pelos fundos, neste terceiro dia de júri, Feller atribuiu o fato à confusão gerada pela entrada do cliente, no acesso principal do Fórum Criminal, com o assédio da imprensa ao jovem.

Entenda o caso

O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.

 

Vídeo causa confusão

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade. O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.