Júri de Gil Rugai começa a ouvir antropóloga; defesa dispensa outro contador
A antropóloga Ana Lúcia Pastore Scheitzmeyer começou a depor ao meio-dia desta quarta-feira (20), no terceiro dia do júri do ex-seminarista Gil Rugai.
Estudiosa de júris, Scheitzmeyer deve ser explorada pela defesa para esclarecer aos jurados sobre como a realização do júri pode ser útil para que eles decidam sobre a inocência ou não do réu a partir de relatos expostos pelas testemunhas, e não apenas pela repercussão que o caso teve à época do ocorrido.
Antes dela, outra testemunha da defesa, o contador Edson Tadeu de Moura, disse que não tinha como comprovar supostos desvios feitos pelo réu na empresa do pai.
Moura foi contador na produtora de Luiz Carlos Rugai, pai de Gil Rugai, que teria sido morto pelo filho juntamente com a mulher, Alessandra de Fátima Troitini, segundo a acusação.
De acordo com a testemunha, era comum na empresa uma pessoa assinar documentos ou cheques em nome de outra. O que, segundo Moura, é praxe entre empresas do ramo, principalmente quando há relação entre pais e filhos.
Gil Rugai é acusado de ter assassinado o casal depois de ser descoberto pelo pai em um esquema de desvios de dinheiro na produtora, onde trabalhava.
Segundo a acusação, os desvios, feitos a conta-gotas, se davam por intermédio de assinaturas falsas de Luiz Carlos feitas por Gil Rugai em folhas de cheque da vítima.
“É comum, nas empresas, as pessoas saberem fazer a assinatura o outro. É uma praxe, no meu modo de ver, e muito comum entre pai e filho”, disse.
Entenda o caso
O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.
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Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.
Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.
O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.
Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade. O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.
O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.
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