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Às vésperas de júri, governo de SP retira réus do Carandiru da tropa de elite da PM

Gabriela Fujita e Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

31/07/2013 17h14Atualizada em 31/07/2013 19h44

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo transferiu de batalhões do Choque da Polícia Militar para o Comando de Policiamento da Capital (CPC) dois dos 25 policiais militares que são réus no segundo júri do massacre do Carandiru.

O julgamento acontece desde a última segunda (29) no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de SP). A medida, assinada pelo secretário Fernando Grella e publicada no "Diário Oficial" no último sábado (27), é de sexta-feira (26) --três dias antes do julgamento.

As transferências atingiram o comandante do 4º Batalhão de Policiamento de Choque, tenente-coronel Salvador Modesto Madia, e o major Marcelo González Marques, do 1º Batalhão de Policiamento de Choque. O Comando de Choque é considerado força de elite da corporação.

Assim como os batalhões de Madia e Marques, o CPC também está subordinado diretamente ao Comando-Geral da PM, mas administra os oito CPAs (Comando de Policiamento de Área) da capital --sem status de elite.

Segundo a resolução da SSP, os dois policiais, ao lado de outros três nomes, ficam transferidos “por conveniência do serviço”.

Ex-comandante da Rota, Madia é também um dos cinco réus definidos pela defesa para ser interrogado na sessão do júri. Ele deve ser ouvido ainda nesta quarta-feira (31), dia dos interrogatórios dos réus. Ele chefiou o órgão de novembro de 2011 a setembro de 2012 --foi substituído no posto por outro réu do Carandiru, Nivaldo Cesar Restivo, acusado de lesão corporal e ainda não julgado. Desde fevereiro deste ano, o comando da Rota é exercido pelo major Walter Mendes Magalhães Junior.

Apesar do pouco tempo à frente da Rota, a passagem de Madia por lá foi conturbada: em setembro de 2012, por exemplo, sua substituição  fora anunciada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) após a divulgação de dados que apontavam o aumento de homicídios no Estado. No mês seguinte, outubro, foram completados 20 anos do massacre no Carandiru. 

Nos primeiros cinco meses de 2012, conforme divulgado à época pela "Folha", o número de mortos pela Rota aumentara 45% em comparação ao mesmo período de 2011. Madia havia sssumido no lugar do coronel da reserva Paulo Telhada, que se elegeu em outubro quinto vereador mais votado de São Paulo.

Outras transferências

Pela portaria, também foram transferidos policiais que não são réus no processo do massacre. São eles o tenente-coronel Marcos Antonio de Almeida, do Comando de Policiamento da Capital, transferido para o CPC, o major Jaime Gardenal Junior, do Comando de Policiamento do Interior-10 (CPI-10), transferido ao 28º Batalhão de Polícia Militar, e o major Cleber Cochito, do 28º BPM/I, transferido para o CPI-10.

Os nomes dos réus foram divulgados pelo "Diário da Justiça" na edição do último dia 25 de junho, quando a data do júri desta semana foi publicada com detalhes como número de testemunhas, local do júri e nome das partes do processo.

Indagada pela reportagem sobre os motivos das transferências e para quais postos os PMs foram destinados no CPC, a Polícia Militar disse apenas que os oficiais "foram transferidos para o Comando de Policiamento da Capital – CPC –, que gerencia as unidades operacionais da cidade". Procurada novamente, a assessoria de imprensa da PM disse que as funções dos dois réus no CPC não serão divulgadas.

No CPC, um oficial informou ao UOL que, apesar de suas transferências terem confirmadas, Madia e Marques ainda não têm funções definidas no organograma do comando, atualmente chefiado pelo coronel Leonardo Torres Ribeiro.

Veja como será o julgamento