Entidades pedem "Choque e Bope" nas praias, mas são contra "solução tabajara" para arrastões na orla do Rio
Preocupados com os impactos que os arrastões em série nas praias do Rio possam ter no turismo, entidades de classe e associações de moradores de bairros da zona sul da capital fluminense pedem respostas rápidas e duradouras aos responsáveis pela segurança pública para combater o problema.
Apesar de aplaudirem inciativas como a presença, a partir deste sábado (23), de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) no policiamento na orla de Ipanema, Leblon e Copacabana, os representantes da sociedade civil são contra "soluções tabajara" para combater os arrastões, pedem a ação de grupos especializados para coibir a violência, mas se preocupam com o dano que a "impressão de guerra" possa causar no potencial turista que pensa em ir ao Rio.
Entre as ações planejadas pela da Seseg (Secretaria de Estado de Segurança do Rio), estão a revista de ônibus que têm a orla da zona sul como destino e a atuação conjunta com Conselhos Tutelares para agilizar a abordagem e apreensão de menores envolvidos nos crimes.
Sindicato ligado ao turismo pede ação "sem demagogia"
O superintendente do SindRio (Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro), Darcílio Junqueira, elogiou o anúncio da Seseg “Tem que deixar de demagogia. Se tiver que ser tropa de Choque e Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM), que seja. É fundamental”, disse o superintendente. “Tem que moralizar.”
Para o representante do SindRio, é preciso coibir os arrastões “logo no início”, porque o verão já vai começar. “Isso já aconteceu em outros verões. Se não segurar no início, a tendência é piorar. É prejuízo para a sociedade, para o comércio, para todo mundo”, declarou, lembrando ainda que falta pouco início da temporada de grandes eventos. “Tem que coibir mesmo, e com energia.”
"Lugar de bandido não é na praia", declarou Junqueira. A medida da Secretaria de Segurança é uma resposta aos arrastões ocorridos em praias da zona sul do Rio de Janeiro nos últimos dois feriados -- do dia 15 de novembro e desta quarta-feira (20). Além da mudança no policiamento ostensivo nos finais de semana e feriados, será instalada uma delegacia móvel na região.
O superintendente não soube informar se houve ou quais foram os impactos no setor hoteleiro em decorrência dos casos registrados nos últimos dias, mas ressaltou que as cenas dos arrastões são muito prejudiciais ao turismo na capital fluminense.
Praias da zona sul do Rio vão receber delegacia móvel
“A gente não tem nenhum resultado ainda, mas só por conta da divulgação na mídia nacional e internacional, quem estava pensando em vir já vai pensar duas vezes. Imagina como fica a imagem do Rio com um monte de vândalos na praia”, afirmou Junqueira.
Associações de moradores são contra ações improvisadas
Apesar de também cobrarem reforço no policiamento, representantes de associações de moradores dos bairros que receberão os policiais do Choque e da Core se mostraram mais reticentes quanto à atuação dos destacamentos nas praias e são contrários a soluções improvisadas.
Presidente da AmaLeblon (Associação de Moradores e Amigos do Leblon), Evelyn Rosenzweig, disse ser contra qualquer “solução tabajara”. “Se não houver nenhuma solução duradoura, com continuidade, não vai adiantar de nada. Não sei se a Tropa de Choque, que é preparada para o confronto, é o melhor caminho. E essa imposição de confronto não é uma coisa boa, não traz benefícios pra ninguém”, disse Rosenzweig. “Mas tem que haver policiamento ostensivo, no mínimo três vezes maior do que o efetivo que existe hoje.”
“Têm que haver ações estratégicas. Só colocar um imenso número de policiais não vai resolver. Os policiais têm que ser treinados para atuar nas praias, que ficam muito cheias, já estão saturadas”, afirmou Loureiro.
Para o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, que também é membro do Conselho Comunitário de Segurança da área que engloba Copacabana e Leme, “qualquer reforço de policiamento é bem-vindo nesse momento, mas isso, por si só, não resolve o problema”. “Passar pelo Batalhão de Choque na praia não é das visões mais agradáveis. Pode passar a impressão de uma situação de guerra, de confronto”, declarou Magalhães.
Segundo os representantes das associações, nos últimos anos, os efetivos dos batalhões da PM que fazem o policiamento nos bairros foram reduzidos. Com o menor número de policiais nas ruas, eles disseram que já haviam notado um aumento no número de roubos, tanto nas praias quanto nas ruas internas.
“Essas ocorrências já estavam acontecendo, mas eram mais pontuais. Agora está tendo mais visibilidade porque eles estão mais ousados e porque gerou pânico e correria”, afirmou Evelyn Rosenzweig. “Sempre houve assaltos na praia, mas dessa forma, arrastão com tanto pânico, não existia havia muito tempo, desde a década de 90”, disse Maria Amélia.
Menores aproveitam protesto para fazer arrastão no Rio
O presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana cobrou mais trabalho de inteligência por parte da Seseg. “É preciso identificar os locais de origem desses grupos. Eles andam sem documentos, intimidam os motoristas de ônibus para entrar sem pagar e chegar até as praias da zona sul”, declarou.
Reforço na segurança
De acordo com a Seseg, os policiais que reforçarão o policiamento na orla da zona sul “circularão em viaturas, fazendo repressão qualificada nos locais de maior incidência de crimes apontados pelo setor de inteligência das delegacias”.
Ainda de acordo com a secretaria, a Chefia de Polícia Civil orientou que o delegado da 14ª DP (Leblon) solicitasse ao Conselho Tutelar a identificação dos responsáveis pelos menores que forem apreendidos e levados para a delegacia. “Os responsáveis poderão responder criminalmente por abandono material”, afirmou a Seseg, em nota oficial.
A secretaria também informou que a PM vai revistar os ônibus que têm como destino as praias e, para essa operação, solicitará a participação dos Conselhos Tutelares.
O reforço foi decidido em reunião, nesta quinta (21), entre o governador Sérgio Cabral, o Secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, o comandante da PM, Luís Castro, a chefe de Policia Civil, Martha Rocha, o comandante da Guarda Municipal, Leandro Matielli, o secretário municipal de Ordem Publica, Alex Costa, e o subsecretário de Assistência Social, Rodrigo Abel.
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