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Havia "necessidade" de invasão do Carandiru, diz ex-secretário em júri

Gil Alessi e Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

18/02/2014 11h45Atualizada em 18/02/2014 12h42

O ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo Pedro Franco de Campos afirmou nesta terça-feira (18) que havia “a necessidade” de uma invasão da Polícia Militar à Casa de Detenção do Carandiru, durante o episódio que ficou conhecido como o Massacre do Carandiru, em 1992.

Campos é a primeira testemunha da defesa a depor na terceira etapa do julgamento do caso, que começou na segunda-feira no Fórum Criminal da Barra Funda (zona oeste de São Paulo)

O ex-secretário, que estava à frente da pasta durante o mandato do ex-governador Antonio Fleury, disse ter ouvido relatos do coronel da PM Ubiratan Guimarães (morto em 2006) de que a rebelião poderia se espalhar para os demais pavilhões, fugindo completamente do controle das autoridades.

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“Ao ficar sabendo disso, disse que ele [Ubiratan] era o comandante da operação, e poderia ordenar a invasão se achasse necessário”, afirmou.

De acordo com seu relato, o governador Fleury ficou sabendo da operação apenas depois da entrada da PM. “Tentei falar com ele antes, mas ele estava fora do Estado, e foi informado após a invasão”.

75 corpos

Segunda testemunha a depor nesta terça, o agente penitenciário Francisco Carlos Leme afirmou que viu cerca de 75 presos mortos no Pavilhão 9 antes da chegada da Polícia Militar ao Carandiru.

Leme declarou que os presos brigaram entre si por causa de disputas relacionadas ao tráfico de drogas e que as mortes foram provocadas por armas brancas e de fogo.

A testemunha afirmou ter ouvido disparos de armas de baixo calibre antes da entrada da PM.

O depoimento contraria afirmações feitas na segunda-feira por Moacir dos Santos, diretor de Segurança e Disciplina do Carandiru na época do massacre. Santos declarou não ter ouvido disparos antes da chegada da PM e que armas atribuídas aos presos foram "plantadas" pela polícia.

Cento e onze presos morreram no Massacre do Carandiru. Os réus desta etapa são acusados por oito mortes de presos e duas tentativas de homicídio no quarto pavimento do Pavilhão 9.