Prédio desabou enquanto morador era resgatado por bombeiros
A única pessoa considerada oficialmente desaparecida pelo Corpo de Bombeiros após o incêndio em um prédio no centro de São Paulo é um homem que estava sendo resgatado do oitavo andar quando o prédio de 24 andares desabou. O fogo no imóvel no Largo do Paissandu teve início na madrugada desta terça (1°) e o edifício caiu por volta das 2h20.
Pouco antes do desabamento, os bombeiros tinham entrado pelo topo do prédio vizinho e acessado o prédio em chamas. De acordo com imagem da TV Globo, a vítima no alto do edifício já estava pronta para ser retirada do local, sentada em uma cadeira de resgate, quando o prédio desabou. Com o colapso da construção, a corda que prendia a vítima se rompeu e ela caiu.
Um bombeiro ficou ferido, mas passa bem. Equipes fazem busca por possíveis sobreviventes no local. Segundo relato de moradores, outras três pessoas estão desaparecidas: um mulher e duas crianças.
Entre os possíveis desaparecidos está a mãe do mecânico desempregado Lucas Souza Sampaio, 32. Eles moravam no terceiro andar do prédio que desabou. Sampaio contou que, quando percebeu o fogo, subiu até o 6º andar para ajudar a irmã, que está grávida e tem um filho pequeno. Enquanto eles desciam as escadas, a parte interna do edifício começou a ceder. Como o fogo era intenso, ele desceu sem socorrer a mãe. "Já circulei por tudo aqui e não acho. Acho que ela não conseguiu sair", diz ele.
Palumbo disse que o prédio já havia passado por vistoria, e que as péssimas condições do local foram relatadas às autoridades do município. De acordo com a corporação, os compartimentos entre os andares eram divididos por madeira, o que contribuiu na propagação das chamas.
O prédio que desabou pertencia à União e era uma antiga instalação da Polícia Federal. Segundo comerciantes do entorno, o local havia sido invadido pelas famílias.
O prédio pertencia à União e era uma antiga instalação da Polícia Federal, ocupada irregularmente. O presidente Michel Temer (MDB), que já estava em São Paulo, visitou o local por volta das 10h e prometeu do governo às famílias vítimas do incêndio.
De acordo com o prefeito Bruno Covas (PSDB), havia 150 famílias no prédio cadastradas na Secretaria de Habitação para serem retiradas do edifício. Antes do incêndio, a prefeitura afirmou que estava em contato com o governo federal, proprietário do edifício, para que ele fosse desocupado, segundo Covas.
O edifício era uma das oito ocupações existentes no centro de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Assistência Social, 248 pessoas foram identificadas como moradores e serão levadas a abrigos da prefeitura.
Saí só com a roupa do corpo e com a minha menina. Já morei em outras ocupações, morei na Lapa, em barraco da Inajar de Souza [avenida na zona norte da cidade]. Nunca tive nada de importante e agora perdi o pouco que consegui.”
Gisele Félix das Neves, 18
Prédio sem condições de moradia, diz governador
O governador do Estado, Márcio França (PSB), esteve no local por volta das 5h e disse que, após a contenção do fogo, cães farejadores serão empregados na busca por sobreviventes em meio aos destroços. "É uma tragédia anunciada. Tem muita estrutura metálica, muito lixo que é jogado no fosso dos elevadores", disse França. "É um prédio que não tem a mínima condição de moraria. A União não podia ter deixado ocorrer essa ocupação."
Testemunhas disseram ter ouvido um estrondo muito alto antes do desabamento. "Parecia uma bomba. Quando olhei, já estava no chão", diz a cozinheira e microempresária peruana Eva Vilma Sobero Pio, 57, que mora no prédio ao lado e estava acordada no momento. "Só ouvi vidros quebrando e muitos gritos, muita gente gritando, crianças, um horror", conta.
Ela diz que o lixo era jogado nos fossos dos elevadores, que não funcionavam. "Minha filha e eu já ligamos várias vezes na prefeitura para pedir providências, porque é muita sujeira, muito lixo", diz Eva Vilma.
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