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Tragédia em Brumadinho

Prefeito: sem mineração, Brumadinho não poderá pagar 'serviços essenciais'

O prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos (PV)  - Rodrigo Campanario/AM Press & Images/Folhapress
O prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos (PV) Imagem: Rodrigo Campanario/AM Press & Images/Folhapress

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

01/02/2019 18h31

Sem o dinheiro dos impostos da mineração, Brumadinho prevê dificuldades para se manter funcionando, segundo o prefeito da cidade, Avimar de Melo Barcelos (PV).

"Não vamos conseguir atender nossos serviços essenciais, hoje 35% da nossa arrecadação vem do minério", disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira (1º).

Após a tragédia de Brumadinho, a Vale anunciou que paralisará operações próximas de barragens como a que se rompeu em 25 de janeiro.

Ontem, a empresa anunciou que a mineradora vai repassar R$ 80 milhões à cidade ao longo de dois anos. Ainda assim, Barcelos prevê dificuldades financeiras.

"A realidade é que não vamos ter esses 80 milhões [de uma vez só], vamos receber uns 4 e pouco por mês referentes aos impostos", disse.

Transtornos

O prefeito informou que Brumadinho está cortada por bloqueios desde o rompimento da barragem. A cidade foi dividida em três partes, com barreiras que limitam o acesso aos locais. A intenção é liberar as vias nos próximos dias para permitir que as pessoas possam se movimentar - isso inclui as crianças e adolescentes que frequentam as escolas municipais. 

"Já estamos planejando e a ideia é que até dia 11 [de fevereiro] as aulas retornem.", afirmou Barcelos.

Barcelos disse que a prefeitura da cidade foi preponderante no pagamento de R$ 100 mil para as famílias de vítimas fatais da barragem. Além disso, após negociações, a Vale aceitou pagar R$ 50 mil para todas as pessoas que tiveram suas casas atingidas. "Pode ser uma rachadura, uma telha quebrada, qualquer coisa. O que a Vale não fez foi ter responsabilidade para garantir que isso não aconteça", disse.

Questionado se havia se preparado para lidar com a queda da barragem, levando em consideração que uma estrutura parecida despencou em Mariana três anos atrás, o prefeito disse que "nunca esperava que isso fosse acontecer". 

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Fiscalização e Defesa Civil

Na conversa com os jornalistas, Barcelos eximiu a cidade de culpa da fiscalização da barragem, afirmando que essa competência pertence ao governo federal e o governo do Estado. De acordo com o prefeito, o poder público de Brumadinho vai atuar a partir de agora para fazer parte da fiscalização das barragens.

"Não houve contra argumentação [em relação à fiscalização do governo] porque nós não sabemos de nada. A gente só da a anuência, não temos como contrapor essas licenças do estado, nós não temos essa força. Agora é fazer o que o presidente da Vale disse, desativar todas as barragens que utilizam esse método a montante. O minério tem que ser explorado a seco", argumentou o prefeito.

Segundo Barcelos, a Vale não fez treinamentos suficientes com a população da cidade e os planos de segurança apresentados pela mineradora eram insuficientes. "A Vale apresentou um plano muito resumido, deveria ter feito um plano de escoamento, cartilhas para a população, treinamentos que não foram feitos", disse o prefeito.

"Nossa defesa civil tem um grupo muito pequeno, não temos profissionais que são treinados para ter conhecimento de barragem", disse Avimar de Melo Barcelos.

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