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Quem são os suspeitos mortos em ação da PM de Goiás contra o 'novo cangaço'

Ação da PM de Goiás matou oito suspeitos de arquitetar roubo a banco - Divulgação
Ação da PM de Goiás matou oito suspeitos de arquitetar roubo a banco Imagem: Divulgação

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

11/12/2021 04h00

As autoridades de Goiás já identificaram sete dos oito mortos pela Polícia Militar em uma ação na madrugada de quarta-feira (8) contra suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em assaltos a banco. Levantamento feito pelo UOL constatou que ao menos três deles já foram condenados por crimes cometidos em São Paulo, como assalto a mão armada, extorsão, organização criminosa e receptação.

O grupo, que estava em uma chácara alugada em Araçu (GO), a 65 km de Goiânia, planejava participar de um mega-assalto aos moldes do "novo cangaço" na cidade de Nova Crixás (GO), segundo a polícia. Nenhum dos agentes se feriu na ação.

Um áudio pelo WhatsApp para recrutar comparsas de São Paulo motivou a ação da PM, que monitorava o grupo.

"Vamos buscar o time completo", disse um dos suspeitos. Mensagens em áudio extraídas dos celulares após a operação e anexadas à investigação conduzida pela Polícia Civil de Goiás confirmaram o plano da quadrilha. "Parceiro! Nós [sic] com a faca, o queijo (...) e o doce na mão", disse um deles.

Outro recado demonstrou a disposição do grupo inclusive para entrar em confronto com as forças de segurança, caso necessário. "Correndo o risco de morrer... Vamos morrer tentando contar, tio", falou outro suspeito.

"Nós sabíamos que eram indivíduos bem armados que já tinham planejado um roubo aos moldes do 'novo cangaço'. Eles eram assaltantes experientes de São Paulo. E de alta periculosidade", disse o coronel Marcelo Granja, comandante da PM de Goiás e responsável pela operação.

A maioria deles era de Campinas (SP), reduto de criminosos especializados em assaltos a instituições financeiras. A reportagem do UOL não localizou os advogados dos suspeitos mortos.

Quem são os suspeitos mortos

  • Jefferson da Silva Diniz - Foi preso em flagrante acusado de envolvimento em roubo e extorsão em setembro de 2011 em Campinas (SP) pouco depois de completar a maioridade. Condenado a 3 anos e 6 meses de prisão por roubo e extorsão, deixou o Centro de Progressão Penitenciária de Jardinópolis em outubro de 2014, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). Tinha 28 anos.
  • Thiago Moraes de Oliveira - Foi condenado por receptação qualificada e associação criminosa com outros três comparsas após ter sido preso em flagrante em abril de 2018, em Campinas (SP). Em abril de 2020, deixou o Centro de Progressão Penitenciário I de Bauru (SP) para cumprir pena em albergue domiciliar. Tinha 28 anos.
  • Vitor Roberto da Rocha Pires - Preso em flagrante por assalto a mão armada em 2017. Em junho de 2019, deixou o Centro de Progressão Penitenciário de Hortolândia para cumprir pena em regime aberto. Tinha 24 anos.
  • Walaf Ilson do Carmo Leite - Já foi investigado por suposta participação em caso de sequestro e cárcere privado em Campinas (SP). Tinha 22 anos.
  • Outros suspeitos mortos - Paulo Henrique Ribeiro, Yago Palomino Pinheiro e Allen Johnnes de Gois - a reportagem não localizou informações sobre passagens anteriores pela polícia. Também não há dados sobre eles no sistema prisional de São Paulo.

Dinâmica semelhante a Varginha

Com o grupo, a PM diz ter encontrado três fuzis, cinco pistolas, dois revólveres, munição de diversos calibres e explosivos em uma mochila, detonados pelas forças de segurança. De acordo com a corporação, o confronto ocorreu porque os suspeitos atiraram na direção dos agentes. Ainda segundo a versão da polícia, os suspeitos foram retirados com vida do local para serem socorridos em um hospital, onde foi confirmado o óbito.

A dinâmica do caso é semelhante à ação da Polícia Militar de Minas Gerais, também em um sítio na área rural de Varginha (MG), que deixou 26 suspeitos mortos na madrugada de 31 de outubro.

Foi a ação mais letal das forças de segurança naquele estado —na ocasião, especialistas ouvidos pelo UOL viram indícios de fraude processual, já que a cena do crime também foi desfeita sob a alegação de "socorro" às vítimas, impedindo a perícia de determinar como foi a ação.