Quem são os mortos na tragédia de Petrópolis
A tragédia de Petrópolis, na região serrana do Rio, matou ao menos 183 pessoas e deixou 85 desaparecidos, segundo dados divulgados nesta terça-feira (22) pela Polícia Civil, uma semana após a tragédia de 15 de fevereiro, considerada a mais letal da história da cidade.
As histórias das vítimas, relembradas em meio ao luto dos parentes nos enterros, também são contadas nas redes sociais. Entre as vítimas, 169 foram identificadas, segundo a Polícia Civil, que divulgou uma lista com os nomes. As buscas continuam.
Mulher posta vídeo de chuva instantes antes de morrer com filho
Eram 17h34 de 15 de fevereiro quando Ana Beatriz Seraphim, 20, postou em seu perfil no Facebook um vídeo da forte chuva em Petrópolis, na região serrana do Rio, instantes antes de morrer com o filho Theo, de 10 meses, ao ser atingida pela enxurrada. Isabel Cristina Seraphim e Emerson Seraphim, mãe e irmão de Ana Beatriz, também morreram no temporal.
Em dezembro de 2021, Ana Beatriz postou uma foto nas redes sociais da formatura no Colégio Estadual Rui Barbosa com o filho no colo e o canudo na mão. "Me formei sendo mãe aos 20 aninhos (...). Cá estou eu, linda e plena, formada com meu baby em meus braços mostrando para todos que tudo que eu fiz valeu a pena."
Padre celebrou casamento e sepultamento de casal
Casados há um ano, o adestrador de cães Bernardo Albuquerque e a agente comunitária Sarah Walsh morreram ao serem atingidos pelo deslizamento em Petrópolis.
O padre Alan Rodrigues, que celebrou o casamento na Paróquia de Santo Antônio, no Alto da Serra, também foi o encarregado pela cerimônia de sepultamento do jovem casal. Ele contou a história em uma publicação em seu perfil no Instagram e conversou com o UOL sobre a relação que nutria com as vítimas.
"Eles começaram a morar juntos, mas eu queria que eles casassem. E foi assim que começou uma linda amizade, eles eram como filhos para mim. Foi muito intensa a nossa amizade".
No dia do deslizamento, ele conta que o casal chegou a assistir à missa pela manhã e que havia comunicado ele sobre isso. "Eu fui transferido há 7 meses de paróquia, mas eles me mandavam mensagem sobre ter ido à missa todos os dias. Eles diziam que ficaram mais unidos a Deus", conta.
Marido encontra esposa após quatro dias de buscas
No quarto dia de buscas com as próprias mãos, Marcelo Costa, 49, encontrou o corpo de sua esposa, Simone Raesk Moura, 49, próximo ao local em que moravam, no alto do Morro da Oficina, em Petrópolis.
De acordo com relatos de voluntários, a posição em que Simone foi encontrada indica que parte da parede de outra casa voou, atingiu a mulher e a derrubou ao chão. Marcelo até viu o corpo da esposa no momento em que foi encontrada, mas o choque fez com que ele esquecesse detalhes. "Ela estava machucada?", perguntava ao irmão já na porta do IML.
Morto já havia superado tragédia de 2011
Rafael Xavier Castro, de 42 anos, já havia superado traumas do passado, como a perda da casa nas chuvas de 2011 na cidade. Mas dessa vez não conseguiu escapar dos efeitos da cheia repentina.
Rafael trabalhava no hipermercado Assaí e, naquele dia, saiu por volta das 15h e foi ao centro da cidade, onde tomaria o ônibus para seguir para casa no bairro Quitandinha.
Com 24 anos, se envolveu em um acidente automobilístico e perdeu a perna esquerda, mas também se recuperou. Passou a usar prótese e levava uma vida normal.
Mãe soterrada com filhos em quarto de casa
Débora Lichtenberger Moreira, de 22 anos, morreu abraçada aos dois filhos, Gustavo e Heloise, de 5 e 2 anos. Ela tentava protegê-los do desmoronamento no quarto de casa, o único cômodo atingido pelos escombros em meio ao forte temporal. O corpo da mãe foi sepultado ao lado das crianças. Em vez de uma citação na lápide, Débora deixou para as crianças uma mensagem na descrição do seu perfil no Facebook: "Meus anjinhos. Amo vocês eternamente".
Nas redes sociais, Débora compartilhou com amigos e parentes a alegria de ser mãe ainda na adolescência. Ela só tinha 16 anos quando engravidou pela primeira vez, como revelou em uma foto da ecografia no dia 1º de janeiro de 2016.
Em um dos últimos registros das crianças nas redes sociais, Débora, que era mãe solo, postou uma foto de costas, de mãos dadas com os dois, com a legenda: "Meu tudo" e um emoji de coração.
A jovem, que postou mensagens de luto pelas mortes dos pais entre novembro de 2019 e abril de 2020, agora motivou um desabafo da irmã Luana Medeiros, na madrugada de quarta-feira (16). "Esse vazio vai ficar para sempre no meu coração".
- Veja as últimas notícias sobre a tragédia em Petrópolis e mais no UOL News com Fabíola Cidral:
Menino levado pela correnteza
A foto de Micael da Silva Dias, que iria completar 2 anos, teve quase 5 mil compartilhamentos após uma publicação feita por Jeruza Dias, mãe da criança, desaparecida em meio ao temporal.
Caçula de quatro filhos, Micael estava com o pai quando uma enxurrada vinda de uma montanha atingiu o imóvel onde morava, no centro de Petrópolis, quebrando duas paredes. O pai da criança chegou a segurar o filho, que acabou sendo levado pela correnteza. O corpo do menino foi encontrado ontem embaixo de um carro.
'Quero minha casa': último recado de Yasmin
Estudante de fisioterapia, Yasmin Eliseu Alves, de 20 anos, gostava de posar para fotos nas redes sociais sempre exibindo um largo sorriso. "Muito calma, tipo um furacão", dizia o seu perfil no Facebook.
Às 15h55 de terça-feira, ela se comunicou rapidamente com uma amiga pelo WhatsApp, segundo relato publicado no Facebook. Ela dizia estar em um ônibus "cheio de água".
"Ela está desaparecida após o temporal. [Ela falou comigo] mandando foto falando 'quero minha casa' (...). Logo após essa última comunicação, seu celular só dá desligado", relatou a amiga.
Foto quando estava em ônibus
Nathalia Bessa, de 25 anos, também estava dentro de um coletivo durante o temporal. Passageira do ônibus Amazonas, que caiu no rio Washington Luiz, a jovem chegou a compartilhar uma foto enquanto a água entrava no coletivo.
Embaixo da imagem, escreveu: "sobrevivente". Ela também encaminhou vídeos mostrando a situação dentro do ônibus. Ex-estudante do curso de Turismo, ela estava a caminho de casa, onde morava com a mãe.
Neta é soterrada 50 anos após avó morrer da mesma forma
Há 50 anos, um temporal em Petrópolis fez desabar a casa onde morava Cecília Eler, que morreu na hora. A tragédia, que marcou a família, se repetiu quando a administradora Cecília Fioresi, 40, neta da matriarca e batizada em sua homenagem, morreu soterrada após forte chuva.
Eram 20h da última terça-feira (15) quando o comerciante Alexandro de Araújo Dutra, 47, recebeu um telefonema de uma mulher procurando por Cecília, sua ex-mulher e mãe de um menino de 6 anos.
A chuva caía desde as 16h em Petrópolis e a administradora ainda estava no trabalho —uma clínica médica que fica na rua Teresa, uma das mais conhecidas do município. O prédio onde Cecília estava foi atingido por um deslizamento e desabou.
Retorno a Petrópolis para cuidar de mãe idosa
Antes da enxurrada, o aposentado Marco Aurélio da Costa Barcia, de 58 anos, tomou uma atitude que pegou a família de surpresa: decidiu deixar o carro na garagem no condomínio onde morava na Quitandinha para pegar um dos ônibus atingidos pelas fortes chuvas em direção ao centro de Petrópolis. Acabou morrendo ao ser levado pela correnteza.
Nos últimos meses, Marco Aurélio decidiu voltar para Petrópolis, cidade onde nasceu. Para cuidar da mãe idosa, após vender um imóvel em Angra dos Reis (RJ), passou a morar no mesmo condomínio onde ela vivia. Marco Aurélio deixou duas filhas.
Adolescente visitava a avó
A adolescente Maria Clara Martins de Castro Souza, de 16 anos, estava sozinha na casa da avó quando foi carregada pela enxurrada no bairro Castelânea. O corpo dela foi encontrado na quarta-feira (16) durante as buscas feitas pelo Corpo de Bombeiros.
Nascida na cidade da Região Serrana do Rio, ela morava há um ano em Volta Redonda (RJ), e estudava no Instituto de Educação Professor Manuel Marinho. A instituição de ensino, inclusive, publicou no Instagram em homenagem à garota.
"Infelizmente perdemos uma aluna (...) nessa tragédia de #petrópolis. Nossos sinceros sentimentos para os amigos, família e escola. Luto".
Defesa à vacinação contra covid
A enfermeira Zhilmar Batista Ramos, de 54 anos, costumava fazer postagens nas suas redes sociais defendendo a vacinação contra a covid-19 e o SUS durante o enfrentamento à pandemia.
"Não faça o vírus circular. Proteja quem você ama. Fique em casa", escreveu, em uma mensagem publicada sobre uma foto sua. Em outra publicação, recomendou: "Bora vacinar, galera".
Ela estava em um dos ônibus atingidos pela enxurrada em busca da filha de 15 anos em meio ao temporal. "Hoje é dia dessa menina, que tenho orgulho de chamar de filha. Filha essa inteligente, responsável, amiga, fechamento. Te amo além do infinito", escreveu no dia do aniversário da menina, em maio de 2021.
Jovem estava em ônibus
Luana Sanches estava em um dos ônibus levados pela enxurrada em meio ao temporal da última terça-feira (15) que atingiu Petrópolis, na região serrana do Rio.
O corpo da jovem foi enterrado na tarde de sexta-feira (18). Aos 18 anos, ela deixa um filho pequeno.
'O céu tem mais'
Quele Monique Ferreira de Souza Costa, 37 anos, era bacharel em Direito e tinha três filhos.
Religiosa, costumava citar Deus em suas postagens nas redes sociais. Em uma delas, postou: "O céu tem mais".
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