Frio motiva nova troca de endereço da 'cracolândia' em SP, dizem moradores
A chamada "cracolândia" de São Paulo mudou mais uma vez de endereço na madrugada de hoje com a saída do fluxo da rua Helvétia em direção à rua Doutor Frederico Steidel, na região central de São Paulo, a apenas um quarteirão do local anterior. Desta vez, os usuários de drogas saíram da via por vontade própria, sem a intervenção das forças de segurança pública, como ocorreu na noite de segunda-feira (16).
O grupo havia retornado à Helvétia ontem à tarde, mas não resistiu ao frio, segundo relato de moradores da região ouvidos pelo UOL. Com 8ºC, a temperatura na capital paulista teve sensação térmica de -2ºC na madrugada mais fria do ano, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas).
A rua Helvétia amanheceu hoje sem a presença do fluxo que se instalou na região desde a desocupação da praça Princesa Isabel, ocorrida há uma semana. De lá para cá, pessoas em situação de rua têm perambulado pelas ruas do centro da capital paulista sem rumo certo.
Desde ontem à tarde, uma tenda foi montada por agentes de Saúde da Prefeitura de São Paulo na garagem nos fundos de uma delegacia para atender os dependentes químicos na Helvétia. Ali, havia dois banheiros químicos e uma pasta onde se lê: "tenda Cracolândia".
"Um agravante é que na Helvétia tem uma corrente de vento, que torna insuportável ficar na rua com esse frio", relata o gestor financeiro Iezio Silva, 63, presidente de uma associação de moradores no bairro Campos Elíseos.
Hoje pela manhã, apenas cerca de dez pessoas em situação de rua permaneciam na rua Helvétia. Um homem chegou a colocar fogo em pedaços de madeira para espantar o frio.
Enquanto isso, donos de comércio na rua já planejam a saída do local, devido aos riscos em decorrência da permanência da venda e consumo de drogas na feira livre de entorpecentes a céu aberto.
"Moro aqui há 30 anos e nunca passei pelo que estou passando nos últimos dias. Há pessoas dormindo na porta da minha casa", lamenta a auxiliar de limpeza Ivonete Machado, 52.
'Parecia um arrastão'
Moradores voltaram a se queixar do alto som vindo da "cracolândia" na madrugada de hoje. "Foi a maior gritaria. E está todo mundo com medo", relata a aposentada Marcia Penteado Martini, 70, que mora entre os dois locais por onde os usuários de drogas têm circulado nos últimos dias.
O morador Manoel Antônio Costa da Silva, 65, disse ter tido dificuldade para dormir. "Parecia um arrastão, com pessoas gritando durante toda a madrugada e a polícia observando de longe".
Junior Andrade do Carmo, 31, que trabalha como segurança privado na avenida São João, relata uma rotina de roubos. "Eles [usuários de drogas] roubam e correm para dentro da 'cracolândia'. Quem foi roubado, não tem como recuperar os pertences, porque corre o risco de perder a vida".
Fontes ligadas às forças de segurança informam que havia um planejamento para a retirada do fluxo de dependentes químicos da rua Helvétia na segunda-feira (16) devido ao risco de "apagão" em decorrência do furto de fios da rede elétrica instalada por ali. Contudo, ainda não há uma solução para o problema.
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