Moro muda tática, ignora Bolsonaro e foca em Lula para ser senador pelo PR
A desistência da candidatura presidencial e a campanha por uma vaga no Senado levaram Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), a abandonar as críticas ao antigo chefe nas redes sociais. Há cerca de cinco meses, as publicações de Moro passaram a concentrar os ataques contra a esquerda e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dos alvos da Operação Lava Jato, cujos processos eram conduzidos por Moro.
A mudança de postura sugere uma tentativa de Moro de conquistar o eleitorado do Paraná, que deu 68% dos votos a Bolsonaro no segundo turno em 2018. O ex-ministro disputa a vaga com o atual senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que vem em vantagem: uma pesquisa recente do Ipec, divulgada no último dia 16, mostrou o ex-juiz onze pontos atrás de seu antigo aliado nas intenções de voto.
O que mudou nas redes sociais de Moro? Um levantamento do UOL Notícias aponta que Moro criticou Bolsonaro no Twitter 54 vezes, de forma direta ou indireta, de janeiro a abril de 2022. Destas publicações, 17 foram também ataques a Lula ou ao PT, nos quais Moro empregou termos como "bolsolulismo" e falou em polarização. No período, Moro atacou Lula especificamente em 29 oportunidades, menos do que fez com Bolsonaro.
A partir de maio, porém, a relação se inverteu: enquanto fez apenas mais seis menções negativas ao atual presidente —todas indiretas—, o ex-ministro somou 82 ataques a Lula pelo Twitter, até as 22h de ontem. Desde o início da campanha eleitoral, em 16 de agosto, Moro não fez mais nenhuma crítica direta a Bolsonaro no Twitter, no Facebook ou no Instagram.
Enquanto era pré-candidato à Presidência, o ex-juiz frequentemente acusava o presidente de enfraquecer o combate à corrupção, citava as suspeitas de "rachadinha" na família e equiparava Lula a Bolsonaro como ameaças à democracia. Quando migrou para o União Brasil e definiu que concorreria ao Senado, porém, Moro mudou o foco.
No último sábado (17), em debate na TV Bandeirantes, o ex-ministro fez um aceno a Bolsonaro: afirmou que os dois têm em Lula um "adversário em comum". Em paralelo, Moro tem reforçado seu discurso conservador em temas como segurança pública e agronegócio.
O UOL Notícias questionou a assessoria do candidato sobre a mudança de postura do ex-juiz nas redes, mas não teve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.
Quando Moro começou a criticar Bolsonaro? Ministro da Justiça de Bolsonaro até abril de 2020, Moro deixou o cargo acusando o presidente de interferir na PF (Polícia Federal), mas não virou crítico frequente do governo logo em seguida. Os ataques começaram a aumentar no final de 2021, quando ele se filiou ao partido Podemos com a intenção de disputar a Presidência.
Já no início de 2022, o ex-ministro se apresentava como uma alternativa da chamada terceira via contra a polarização entre Lula e Bolsonaro. Em 5 de janeiro, por exemplo, ele publicou no Twitter que "temos um país para salvar de uma triste polarização entre pelegos e milicianos".
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