Em sua 1ª missa, papa Francisco alerta sobre risco de a Igreja Católica virar "ONG piedosa"
O papa Francisco realizou nesta quinta-feira (14) a primeira missa do seu pontificado. Na presença dos cardeais que participaram do conclave, a cerimônia foi celebrada na capela Sistina, mesmo local em que ele foi escolhido como novo pontífice ontem.
Na sua primeira homilia, ele alertou para o risco de a Igreja se converter em uma "ONG piedosa", se não seguir os preceitos de Cristo. "Se nós não professarmos Jesus Cristo, nos converteremos em uma ONG piedosa, não em uma esposa do Senhor", disse Francisco ao comentar as leituras feitas na missa.
"Quando caminhamos sem a cruz, edificamos sem a cruz e confessamos com Cristo sem cruz, não somos discípulos do Senhor. Somos mundanos, bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor."
A primeira leitura foi um trecho do do livro do Profeta Isaias, em que destaca a importância de caminhar na luz do Senhor. A segunda leitura da missa foi extraída da Primeira Carta de São Pedro Apóstolo, que aborda o exercício do sacerdócio.
Também foi lida uma passagem do Evangelho que cita Jesus Cristo dizendo a Pedro "Tu és pedra e renovareis a minha Igreja".
"Com essas três leituras, vejo que elas têm algo em comum, que é o movimento. Na primeira leitura, o movimento do caminho. Na segunda, da edificação da Igreja. E na terceira, no Evangelho, o movimento da confissão, Caminhar, edificar, confessar", afirmou Francisco.
Sobre a relevância de construção da Igreja, completou: "Gostaria que todos nós, depois desses dias de graça, tenhamos a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a cruz do Senhor. Edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor derramado na Cruz".
O papa encerrou a homilia e prosseguiu o rito conhecido como "Oração da comunidade", em que são feitas preces pelo novo pontífice, pelos chefes de Estado e por aqueles que sofrem.
Francisco começou 1º dia como papa com visita à basílica de Santa Maria Maior
Em seu primeiro dia como papa Francisco, o argentino Jorge Mario Bergoglio visitou na manhã desta quinta-feira (14) a basílica de Santa Maria Maior (Santa Maria Maggiore, em italiano), no centro de Roma.
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Segundo o padre Élio Monteleone, titular da basílica, que acompanhou a visita do pontífice, Francisco permaneceu no local por cerca de 45 minutos.
Durante esse tempo, fez sua oração em frente ao altar de Nossa Senhora, em uma capela anexa ao altar da basílica, onde depositou um ramo de flores. Ao fim da oração, ele saudou um grupo de seminaristas e freiras um por um (eram cerca de 60 pessoas).
“O papa rezou sozinho, em silêncio. Depois, entoou alguns cânticos. Também pediu para que nós rezássemos por ele e pelo trabalho dele à frente da Igreja Católica”, disse o padre, que se declarou surpreso com a notícia da visita do papa. "Primeiramente, fiquei surpreso com a eleição dele. Depois, com a notícia que ele visitaria a basílica", afirmou o religioso.
"Foi um encontro com um padre e não com um papa", comentou padre Ludovico Melo, confessor da basílica de Santa Maria Maggiore
A basílica escolhida por Francisco também é conhecida como a de Nossa Senhora das Neves. É uma das igrejas mais antigas de Roma e data dos anos 432-440 depois de Cristo (d.C).
Dezenas de pessoas, incluindo jornalistas e estudantes, se reuniram diante do templo para acompanhar a primeira saída do novo líder dos 1,2 bilhão de católicos do mundo.
De férias em Roma, a russa Natália Shibaeva, 27, lamentou ter chegado à basílica momentos depois da saída do novo papa da Igreja Católica. “É uma pena ter chegado pouco depois, mas estou feliz por estar em Roma neste momento”, disse a turista.
Após a visita, Francisco se dirigiu à Capela Sistina, onde rezou em memória do papa Sisto V e depois parou em frente à tumba de Pio V.
Anúncio do novo papa
A Igreja Católica anunciou às 20h14 (16h14 de Brasília) desta quarta-feira (13) quem é seu novo papa: o cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio, 76, da Argentina.
Ele foi o escolhido para suceder Bento 16 no conclave que começou na terça-feira (12) e terminou hoje, às 19h07 (15h07 de Brasília), quando a fumaça branca tomou a praça São Pedro, após cinco escrutínios.
O nome do novo papa foi revelado após o famoso "Annuntio vobis gaudium, habemus Papam" ("anuncio uma grande alegria: temos um papa"), feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran. O nome papal escolhido pelo cardeal Bergoglio é Francisco.
No momento do anúncio, os fiéis que aguardavam na praça São Pedro ficaram eufóricos. Houve uma comoção geral e o sentimento em muitos era de surpresa.
Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres. O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.
A vida do papa Francisco
Nascimento | 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires |
Educação | Colégio Máximo San Jose, onde estudou filosofia e teologia |
Sacerdócio | em 13 de dezembro de 1969 |
Carreira | foi indicado como bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e promovido a arcebispo em 1998 |
Cardinalato | foi nomeado cardeal por João Paulo 2º em 2001 com o título de São Roberto Belarmino |
Outro cargo | Presidente da Conferência dos Bispos da Argentina de 2005 a 2011 |
Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.
Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao afirmar que a adoção feita por casais gays provocaria discriminação contra as crianças.
Em seu primeiro discurso, feito logo após o anúncio de seu nome, Francisco agredeceu ao acolhimento da comunidade de Roma e lembrou do papa emérito Bento 16, seu antecessor.
A escolha foi realizada por 115 cardeais, sendo cinco brasileiros: dom Raymundo Damasceno Assis, 76; dom Odilo Scherer, 63; dom Geraldo Majella Agnelo, 79; dom Cláudio Hummes, 78; e dom João Braz de Aviz, 64.
Estavam aptos a votar apenas os cardeais com menos de 80 anos. A presença deles, segundo o Vaticano, era obrigatória. No entanto, dois eleitores conseguiram a dispensa necessária para não participarem da votação, um por motivo de saúde (cardeal indonésio Julius Darmaatjadja) e outro por ter renunciado ao cargo (cardeal britânico Keith O'Brien).
*Com agências internacionais
*Com agências internacionais
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