Brasil não reconhece ação na Síria sem aval da ONU, afirma Dilma
A presidente Dilma Rouseff afirmou nesta sexta-feira (6), em São Petersburgo, na Rússia, que o Brasil se opõe a uma intervenção militar na Síria sem a aprovação da ONU.
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"O Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovaçao da ONU", disse Dilma, de acordo com o Blog do Planalto.
O governo dos EUA defende a necessidade de uma intervenção militar na Síria sem que a comunidade internacional aguarde um posicionamento da ONU. A organização investiga se gás químico foi usado no ataque de 21 de agosto que matou milhares em Damasco, capital da Síria.
O governo do presidente sírio, Bashar Assad, e os grupos rebeldes que querem tirá-lo do poder se acusam mutuamente pelo ataque. A Rússia é contra intervir no conflito no país árabe.
A guerra na Síria não está na pauta da reunião do G-20 realizada nesta semana em São Petersburgo. Porém, assim como as revelações de que o governo americano espionou chefes de Estado como a presidente Dilma Rousseff e o presidente do México, o tema foi discutido nos bastidores da cúpula.
Segundo Dilma, o presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu que explicará as denúncias.
Dois anos e 100 mil mortos
A guerra na Síria já dura mais de dois anos e deixou milhares de mortos --mais de 100 mil, segundo a ONU. Começou na esteira da Primavera Árabe, onda de levantes populares que pediu mudanças no governo em países como Tunísia, Líbia e Egito.
Como em outros países, a reação do governo sírio foi reprimir com violência os protestos por democracia. Desde o início, a postura do regime do presidente vitalício Bashar Assad foi desqualificar os opositores como meros terroristas e culpá-los pelas mortes ocorridas nos confrontos.
No dia 21 de agosto, a guerra síria ganhou outra dimensão quando gás tóxico foi usado para bombardear uma área de Damasco, causando a morte de pelo menos 355 pessoas, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras. A ONG estima ter realizado mais de 3.600 atendimentos de pessoas que inalaram gás. A oposição fala em mais de mil mortos no ataque e acusa o regime Assad pela matança; o governo sírio culpa os rebeldes pelo massacre e afirma que achou um depósito com produtos químicos usado pela oposição.
Há tempos, a comunidade internacional condena o confronto na Síria e pede seu fim. Só após o ataque com gás, o Ocidente decidiu intervir independentemente da ONU. Devido à pressão internacional, um time de inspetores da ONU foi enviado ao país para investigar o local do suposto ataque. A equipe, porém, não conseguiu chegar à região: um comboio da organização teve de recuar porque foi recebido a tiros quando se aproximava da área.
Fim da linha
Há um ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que o uso de armas químicas na guerra da Síria seria cruzar uma "linha vermelha". Já houve relatos de uso de armas químicas no conflito antes - em maio deste ano, o jornal francês "Le Monde" relatou o uso de armas químicas no país.
Foi só após o ataque de Damasco, porém, que os EUA passaram a afirmar que a Síria passou do limite. O secretário de Estado americano, John Kerry, diz que os EUA não têm dúvidas de que o governo sírio atacou com gás seus cidadãos e destruiu as evidências. O presidente Barack Obama pediu o aval do Congresso para uma intervenção na Síria - que não envolverá o envio de tropas dos EUA, afirma o governo.
França e Reino Unido também condenaram o ataque e prometeram apoio - militar, no caso francês - aos rebeldes que lutam contra Assad. Porém, o Parlamento britânico rejeitou o plano de atacar a Síria, e o o premiê, David Cameron, recuou da intervenção.
O país mais frontalmente contrário à intervenção é a Rússia, que acusa o Ocidente de não ter provas do envolvimento do governo sírio no ataque de Damasco. Desde antes, porém, Moscou, que interga o Conselho de Segurança da ONU, votou contra intervir na guerra síria. A Rússia sempre defendeu uma solução diplomática para o conflito. China e Irã, em menor escala, também são contra.
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