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80% dos mortos em Gaza são civis, diz ONU; 200 mil buscaram refúgio

Do UOL, em São Paulo

31/07/2014 12h33Atualizada em 31/07/2014 14h40

A chefe para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, afirmou em videoconferência com o Conselho de Segurança nesta quinta-feira (31) que mais de 80% dos mortos na ofensiva israelense na faixa de Gaza são civis e que o mundo está assistindo "horrorizado ao desespero de crianças e civis sob ataque".

Gaza viveu na quarta-feira seu dia mais sangrento, com 119 mortos e 500 feridos em ataques e bombardeios -- um deles em uma escola mantida pela ONU.

Em 24 dias de ofensiva, os mortos já são contabilizados em 1.400, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, entre eles pelo menos 251 crianças, e os feridos são mais de 7.000. Do lado israelense, são 59 mortos, dos quais três são civis.

Funcionário da ONU chora ao falar sobre palestinos em Gaza

Amos pede que sejam instituídas "pausas humanitárias" diárias em Gaza até que seja alcançado um cessar-fogo de maior duração entre Israel e o Hamas. Esses breves momentos de trégua seriam usados para ajudar os civis, resgatar feridos e dar à população alguns momentos de anistia. 

Pierre Krähenbühl, alto comissário da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina), disse ao Conselho, por telefone a partir da Cidade de Gaza, que mais de 200 mil pessoas buscaram refúgio em abrigos mantidos pela agência, que está sobrecarregada. 

Mapa Israel, Cisjordânia e Gaza - Arte/UOL - Arte/UOL
Mapa mostra localização de Israel, Cisjordânia e Gaza
Imagem: Arte/UOL

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, declarou a faixa de Gaza como "área de desastre humanitário" e pediu à comunidade internacional para proteger e dar assistência à região devastada pela ofensiva israelense.

Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o dirigente palestino acusa Israel de cometer crimes de guerra e aconselha a ONU a pressionar as instituições internacionais para que enviem ajuda de emergência à faixa.

"Israel, a potência ocupante, continua invocando de maneira falaciosa o direito à autodefesa para justificar sua campanha criminosa contra o povo palestino", diz a carta.

No texto, Abbas apela ao dirigente da ONU em tom pessoal e que reflete uma sensação de urgência, para que exerça sua autoridade e pressione outros países da comunidade internacional a fornecer aos cidadãos de Gaza ajuda e alimentos básicos, assim como água e remédios, e para que se abram corredores humanitários para facilitar a chegada da ajuda.

Em pronunciamento na TV nesta quinta, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou  que completará a missão de destruir os túneis construídos pelo grupo islâmico radical Hamas na faixa de Gaza "com ou sem um cessar-fogo". As negociações para a uma trégua, mediadas pelo Egito, estão empacadas.

"Estamos determinados a completar esta missão com ou sem um cessar-fogo. Não concordarei com nenhuma proposta que não permita que o Exército israelense complete essa importante tarefa em nome da segurança de Israel", afirmou Netanyahu antes de uma reunião com seu gabinete de segurança. 

"Destruímos milhares de alvos terroristas: centros de comando, arsenais de foguetes, instalações de produção, áreas de lançamento [de foguetes], e centenas de terroristas foram mortos. Essas  conquistas e a neutralização dos túneis são apenas a primeira fase da desmilitarização da faixa de Gaza", afirmou ainda o premiê, na reunião.

"O IDF [Forças de Defesa de Israel] é um Exército moral sem par. Está combatendo um inimigo cuja brutalidade é sem par. Ele [IDF] tenta, tanto quanto possível, evitar a morte de civis." (Com agências internacionais)