Cidade determina que policiais usem câmeras no corpo após assassinato nos EUA
Em uma entrevista coletiva marcada por protestos pela morte do negro Walter Scott, 50, pelo policial branco Michael Thomas Slager, o prefeito de North Charleston (Carolina do Sul), Keith Summey, afirmou que os policiais da cidade utilizarão câmeras nos corpos.
Segundo Summey, a prefeitura encomendou 150 câmeras de corpo adicionais para que “cada policial na rua” utilize uma, em acréscimo aos outros 101 equipamentos que já haviam sido pedidos.
O policial, que pode ser condenado a 30 anos de prisão ou até mesmo à pena de morte pelo crime, ocorrido no sábado (4), foi levado para o centro de detenção do condado de Charleston. O prefeito afirmou que Slager foi demitido, mas ressaltou que sua esposa, que está grávida de oito meses, continuará beneficiada pelo convênio médico até o nascimento da criança.
De acordo com Summey, a investigação será liderada por uma agência independente da polícia de North Charleston. Ele disse ter visitado a família de Walter Scott. “Eles estão sofrendo. Dissemos a eles como nos sentimos com a perda que eles sofreram, o quanto foi ruim. Nós não toleramos o que está errado, não importa quem seja”, disse o prefeito. Eddie Driggers, chefe de polícia local, disse ter ficado “enojado” ao assistir o vídeo da abordagem.
Atingido por cinco tiros
Slager atirou oito vezes nas costas da vítima, acertando cinco. Scott parecia fugir do agente após ter sido detido em uma blitz de rotina, mostra um vídeo enviado por uma testemunha ao jornal "The New York Times". Nas imagens é possível observar como, depois de atirar, o agente caminha de maneira calma até o homem, que agoniza no chão, e o algema.
O mandado de prisão afirma que "Thomas Slager (...) matou a vítima ilegalmente e com premeditação". "Atirou na vítima várias vezes pelas costas depois de uma discussão. Tudo está baseado em provas obtidas com vídeo."
O pai da vítima, também chamado Walter Scott, disse à TV “NBC” que assistir à morte do filho partiu seu coração. Segundo ele, sem a filmagem, o caso nunca teria sido esclarecido. “Eles teriam varrido para debaixo do tapete, como fizeram com tantos outros.”
"A maneira como atiraram, parecia que ele (o policial) estava tentando atirar contra um cervo (...) Nem sei se é racismo ou se tem um problema mental”, declarou Scott.
Protestos
Cerca de 75 pessoas se reuniram em frente à prefeitura para protestar contra a morte e gritaram palavras como “sem justiça, sem paz” e “oito tiros nas costas” durante a coletiva de Summey. Eles fazem parte do grupo “Black Lives Matter” (“A vida de negros importa”), formado após a morte de um negro por um policial branco em Ferguson em agosto do ano passado.
Brandon Fish, um dos organizadores do protesto, declarou que é preciso revisar "os sistemas de prestação de contas" por parte dos policiais. "Este é outro exemplo de um problema que temos na comunidade. Necessitamos ver com cuidado o modo que se contrata os policiais, como são promovidos, treinados e punidos", acrescentou o ativista.
(Com AP, CNN, AFP, Reuters e EFE)
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