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Na volta ao Twitter, Trump condena ataque ao Congresso e pede reconciliação

Do UOL, em São Paulo

07/01/2021 22h33Atualizada em 08/01/2021 09h30

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou na noite de hoje um vídeo em que condena a invasão de apoiadores ao Congresso americano, realizada ontem à tarde. A declaração foi a primeira dada após um bloqueio de 12 horas de sua conta no Twitter — ele permanece banido de outras redes sociais por acusar, sem provas, a eleição do país de ter sido fraudada. No vídeo, Trump omite que ele mesmo incitou as manifestações.

"Como todos os americanos eu estou perplexo com a violência e a ilegalidade. Eu imediatamente acionei a Guarda Nacional e agentes federais para proteger o prédio e expulsar os invasores", disse o presidente dos EUA.

No entanto, Trump discursou para apoiadores na tarde de ontem em meio a uma marcha convocada pelo próprio presidente para contestar o resultado das eleições. Nas declarações, o presidente dos EUA alegou — sem apresentar provas — que foram contabilizados 8 milhões de votos irregulares.

Trump tentava convencer a maioria do Congresso a se recusar a certificar parte dos votos conquistados pelo democrata Joe Biden nas eleições de 2020. O presidente pressionou seu vice, Mike Pence, que presidiu a sessão, a não certificar a vitória rival. Em resposta, Pence declarou não ter poder para invalidar os resultados da urna.

Após insuflar apoiadores, Trump pede que ânimos sejam contidos

Os manifestantes que invadiram o Capitólio desafiaram e iludiram a democracia americana. Aos que apoiam esses atos de violência e destruição: vocês não representam nosso país. Para aqueles que violaram a lei: vocês pagarão. Passamos por uma eleição intensa e os ânimos estão em alta, mas eles devem ser contidos e a calma restaurada

No vídeo, Trump condena a invasão ao Capitólio — prédio onde fica o Congresso americano. Na tarde de ontem, o local foi isolado e trancado após ameaças de bombas e a invasão por um grupo que interrompeu a sessão de certificação de Biden. O vice-presidente e parlamentares que estavam no edifício foram retirados às pressas por seguranças e muitos tiveram de se esconder atrás de móveis. Quatro pessoas morreram e outras ficaram feridas. A prefeitura de Washington decretou toque de recolher por 15 dias na capital.

Ontem, durante os atos, Trump pediu que os manifestantes não atacassem a polícia e que retornassem às suas casas. No entanto, em vez de criticá-los, ele disse "entender a dor" dos apoiadores, chamando-os de "especiais".

O presidente voltou a demonstrar descontentamento com o resultado das eleições, mas não falou em fraude no vídeo publicado esta noite. Ele destacou a legalidade das ações e disse que continua a acreditar que a regra eleitoral precisa ser modificada no país.

Minha campanha seguiu com cada via legal para contestar os resultados das eleições. Meu único objetivo era garantir a integridade do voto, e fazendo isso, estou lutando para defender a democracia da América. Continuo a acreditar fortemente que precisamos reformar nossas leis eleitorais para verificar a identidade e elegibilidade de todos os votantes e atingir a fé e confiança em todas as futuras eleições

Presidente dos EUA adota tom moderado após pedidos de remoção do cargo

Entre ontem e hoje, diversas autoridades se manifestaram contra os ataques ao Congresso americano e desferiram críticas a Trump: chefes de Estado, colegas do partido Republicano e mesmo grupos empresariais. Acusado de tentativa de golpe, Trump foi alvo de pedidos de remoção imediata do cargo, por meio da 25ª emenda constitucional, que automaticamente passaria o poder ao vice Mike Pence caso o presidente fosse considerado incapaz de governar.

A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, e o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, declararam que se a 25ª emenda não fosse acionada, o Congresso se encarregaria de destituir Trump por meio de um impeachment.

A emenda só pode ser acionada pelo vice, Mike Pence, e pela maioria dos membros de seu gabinete.

Após a oficialização de Biden, Trump declarou que trabalharia pela transição de governo. A posse do presidente eleito está marcada para o dia 20 de janeiro.

A nova administração inicia no dia 20 de janeiro. Minha equipe agora se volta para garantir uma leve e organizada transição de poder. Esse momento pede por cura e reconciliação

Trump repete que 'está apenas começando'

No discurso de ontem voltado aos apoiadores, Trump afirmou que a luta para questionar o resultado eleitoral "está só começando", apesar de sua candidatura já ter sofrido derrotas em todos os estados que deram a vitória a Biden.

O vídeo desta noite foi encerrado com a mesma frase.

Para todos os meus apoiadores, sei que estão desapontados, mas quero que saibam que nossa incrível jornada está apenas começando

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o vice-presidente dos EUA é Mike Pence e não Joe Biden. A informação foi corrigida