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Guerra da Rússia-Ucrânia

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'Quero cruzar a fronteira': brasileiro relata em vídeos a rotina na Ucrânia

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

24/02/2022 14h45Atualizada em 25/02/2022 07h34

O brasileiro Rafael de Sousa Pinto está usando o seu canal no YouTube voltado ao turismo em diversos locais do mundo para retratar a realidade na Ucrânia após a invasão russa iniciada na madrugada de hoje.

Nas últimas horas, o bartender mostrou a movimentação nas ruas, em um supermercado, relatou a dificuldade para retirada de dinheiro em caixas eletrônicos e revelou que iria tentar deixar o país em um trem.

"Quero cruzar a fronteira. Estou aqui correndo, fazendo as malas e abandonando a minha casa. Se não funcionar, volto. Uns amigos querem ficar. Eu quero ir", disse em seu último registro.

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A Embaixada do Brasil na Ucrânia orientou os brasileiros fora de Kiev a deixar o país europeu imediatamente. Aqueles que estiverem na capital devem procurar abrigo em um local seguro, informou. Segundo a entidade, há cerca de 500 brasileiros que moram em solo ucraniano.

Mapa Ucrania - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

Nos vídeos, Rafael não revela em que cidade está. Contudo, se identifica como morador de Kiev em seu perfil no Facebook. "São 8h (3h pelo horário de Brasília) e os supermercados estão cheios de pessoas com sacolas imensas. Escuto sirenes a todo momento na cidade", disse em um dos vídeos, em espanhol.

Em outra publicação, aparece caminhando pelas ruas enquanto narra o que vê. "O sistema de correios está parado. Os bancos têm restrições para retirada de dinheiro. Só é possível sacar cem euros por pessoa. A cidade está em silêncio. Mas onde estou, não há explosões. Vou informando a vocês".

Em uma postagem posterior, grava as imagens de um supermercado enquanto faz compras. "As filas são imensas, os produtos estão acabando. Isso aqui está uma loucura", registrou. O UOL não conseguiu contatá-lo pessoalmente. Em um grupo de brasileiros na Ucrânia, ele chegou a Rafael se colocar à disposição para o contato com os jornalistas, mas ainda não respondeu à reportagem.

A Embaixada recomenda que brasileiros que possam deslocar-se por meios próprios para outros países ao oeste da Ucrânia que o façam tão logo possível, após informarem-se sobre a situação de segurança local"
Trecho do comunicado, enviado em um grupo do Telegram para brasileiros na Ucrânia

Em nota à imprensa, o Itamaraty orientou os brasileiros em território ucraniano a manter contato diário com a Embaixada brasileira no país. "Caso necessitem de auxílio para deixar a Ucrânia, devem seguir as orientações da Embaixada e, no caso dos residentes no leste, deslocar-se para Kiev assim que as condições de segurança o permitam."

Jogadores brasileiros que atuam no Shakhtar Donetsk e no Dínamo de Kiev publicaram um vídeo em suas redes sociais pedindo ajuda ao governo brasileiro para deixarem o país.

Há registros de trânsito caótico e filas para abastecer veículos em postos de combustível ou retirar dinheiro em caixas eletrônicos.

Ao menos 137 pessoas morreram após o avanço das tropas russas no sudeste e no sul da Ucrânia, segundo o governo ucraniano. O exército do país informou ter matado cerca de 50 ocupantes russos perto de Shchastia, no leste do país.

Biden condena ataque; Putin ameaça quem tentar intervir

Em comunicado da Casa Branca enviado à imprensa no início da madrugada de hoje, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, disse que a operação militar russa na Ucrânia foi "um ataque injustificado" e que trará "uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano".

"A Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva. O mundo responsabilizará a Rússia", completou.

Em um pronunciamento transmitido em cadeia nacional ontem à noite, o presidente russo Vladimir Putin disse ter autorizado aquilo que definiu como "operação militar especial" da Rússia no leste da Ucrânia e mandou recado para aqueles que tentarem intervir: "A Rússia responderá imediatamente e você terá consequências que nunca teve antes em sua história".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje em um discurso à nação o rompimento das relações diplomáticas com Moscou. Zelensky também adotou lei marcial em todo o território ucraniano, pedindo para que os cidadãos continuem calmos.

A adoção da lei marcial consiste em uma medida que altera as regras de funcionamento de um país, deixando de lado as leis civis e colocando em vigor leis militares.

Mais cedo, o presidente disse que tentou fazer uma ligação para conversar com Vladimir Putin, mas não teve sucesso.

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico), Jens Stoltenberg, afirmou em entrevista coletiva hoje que o bloco não vai enviar tropas à Ucrânia. O diplomata disse ainda que a Rússia vai pagar um "alto preço político e econômico".