Rússia anuncia expansão da ofensiva na Ucrânia para todas as direções
O Exército da Rússia recebeu hoje ordens para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia. A decisão acontece, segundo os russos, devido às rejeições de Kiev para negociações, o que os ucranianos negam.
"Hoje, todas as unidades receberam a ordem de ampliar a ofensiva em todas as direções, de acordo com o plano de ataque", declarou o Ministério da Defesa russo, em um comunicado.
O governo de Vladimir Putin pediu, ainda, segundo informações de veículos internacionais, que os ucranianos estimulem a Ucrânia a "remover imediatamente todo o armamento pesado das áreas urbanas".
O governo russo havia dito mais cedo que a Ucrânia se recusou a negociar. "Ontem, à luz das negociações pendentes com a liderança ucraniana, o presidente da Rússia ordenou a suspensão do avanço do principal grupo de soldados russos na Ucrânia. Mas, como o lado ucraniano se recusou a negociar, a operação militar russa foi retomada hoje, conforme o plano inicial", disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.
A informação foi negada pela Ucrânia. "A Ucrânia e o presidente [Volodimir] Zelensky são categoricamente contrários a quaisquer condições inaceitáveis ou ultimatos feitos pelo lado russo", disse o chefe de gabinete ucraniano, Mikhail Podolyak, segundo o jornal britânico The Guardian.
Segundo o governo russo, as forças separatistas apoiadas pela Rússia capturaram diversas aldeias ucranianas. Desde ontem, as forças russas tentam fechar o cerco na capital ucraniana, Kiev.
Em pronunciamento mais cedo, o presidente ucraniano disse que as forças de segurança da Ucrânia ainda controlam a capital. Segundo ele, os militares ucranianos estão resistindo às ofensivas russas "com sucesso" e "vão vencer" a guerra.
Ataques em Kiev
Na madrugada de hoje, houve registros de tiros nas regiões próximas à sede do governo ucraniano em Kiev e, segundo a CNN, disparos voltaram a ser ouvidos hoje no local.
Além de Kiev, as cidades de Sumy, Poltava e Mariupol também são alvos dos russos. Para dificultar a entrada das tropas russas, funcionários do serviço rodoviário ucraniano começaram a retirar placas de trânsito por todo o país, segundo informações do jornal The New York Times.
De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde da Ucrânia, 198 pessoas já foram mortas desde o início da ofensiva russa, entre elas três crianças. Já os feridos são 1.115. O comunicado não informa, no entanto, se os números são referentes a civis ou também de militares.
Entre os últimos alvos dos ataques russos, está um prédio residencial, que foi atingindo por um míssil. Não houve mortos. O prefeito de Kiev, Vitaliy Klychko, no entanto, disse que 35 pessoas ficaram feridas.
Ataques no terceiro dia de invasão
Além do prédio residencial, durante a madrugada, cinco explosões foram confirmadas pelo prefeito de Kiev.
"Pedimos a todos que permaneçam calmos e tenham o máximo de cautela. Se você está em um abrigo antibomba, não saia", orientou a prefeitura.
Klychko anunciou a ampliação do toque de recolher noturno na cidade para o período das 18h às 7h. Antes, o horário era das 22h às 7h. "Todos os civis que estiverem na rua durante o toque de recolher serão considerados membros dos grupos de sabotagem e reconhecimento do inimigo", escreveu o prefeito no Twitter.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram também um grupo de civis sem armas tentando impedir o avanço de tanques russos. Um dos homens que aparecem nas imagens tenta parar o tanque com as mãos e chega a se ajoelhar diante do veículo, mas é retirado por outros civis.
Bloqueio da Rússia no Swift
Em um comunicado hoje à noite, Zelensky sugeriu que haja consenso entre os países sobre o bloqueio da Rússia no Swift — sistema de transferências internacionais que conecta bancos ao redor do mundo.
"Significa bilhões e bilhões de perdas para a Rússia. É um preço para uma invasão sorrateira em nosso país", disse o presidente da Ucrânia.
Desde ontem diferentes países europeus — como Reino Unido, França, Itália, Hungria, Estônia, Letônia e Alemanha — indicaram movimento positivo para sanção.
Reportagem publicada pelo UOL mostrou que em transações de importação e exportação de mercadorias, por exemplo, o Swift é o meio mais utilizado no mundo para transferência de valores entre comprador e vendedor.
Por isso, a exclusão da Rússia do sistema seria um duro golpe econômico para o país comandado por Putin.
'Não baixaremos as armas', diz Zelensky
Logo hoje pela manhã, o presidente da Ucrânia disse que não existe a possibilidade de rendição. "Estou aqui. Não baixaremos as armas. Vamos defender nosso país, porque nossa arma é a verdade, e nossa verdade é que esta é nossa terra", informou Zelensky, segundo tradução para o inglês, feita pela CNN.
O governo dos Estados Unidos afirma que está preparado para ajudar o chefe da Ucrânia e evitar que ele seja capturado ou morto pelo Exército Russo. As informações foram divulgadas pelo jornal americano The Washington Post.
Apoio de outros países
Reino Unido, França, Alemanha são alguns dos países que têm enviado ajuda para Ucrânia. A Alemanha autorizou o governo holandês de enviar 400 granadas de foguete, rompendo com uma tradição de não enviar armamento para zonas de conflito.
O presidente da França, Emmanuel Macron, informou ontem que ofereceria uma "assistência orçamentária adicional de 300 milhões de euros [cerca de R$ 1,7 bilhão]" e "material defensivo de que eles precisam".
Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, também disse que enviaria equipamentos para a Ucrânia.
Oficial da Otan diz que Rússia avança devagar e aponta 'falta de diesel'
Um oficial militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) afirmou hoje à CNN Internacional que a Rússia está avançando devagar no território da Ucrânia para dar tempo deles negociarem e também porque as tropas russas estão "tendo problemas".
Segundo o oficial, entre os problemas para a expansão russa no território ucraniano está a falta de diesel para as tropas lideradas por Putin, de acordo com as informações mais recentes obtidas pela Organização. O funcionário não deu maiores detalhes.
Eles não têm diesel, estão avançando muito devagar e a moral é obviamente um problema.
Oficial militar da Otan à CNN Internacional
EUA dizem que resistência da Ucrânia 'frustrou' a Rússia
A Rússia conta em território ucraniano com mais de 50% das tropas que havia concentrado na fronteira entre ambos os países, mas parece "cada vez mais frustrada" com a resistência do Exército ucraniano — declarou um funcionário de alta patente do Pentágono neste sábado (26).
"Calculamos que mais de 50% da força que [o presidente russo, Vladimir] Putin concentrou contra a Ucrânia (...) está mobilizada dentro do país, disse a fonte, que pediu para não ser identificada. "Além disso, continuamos vendo sinais de uma resistência ucraniana viável.
"Acreditamos que os russos estejam cada vez mais frustrados com a perda de impulso nas últimas 24 horas, sobretudo, no norte da Ucrânia", comentou o funcionário do Departamento americano da Defesa. Ele ressaltou que, até este sábado, as forças russas ainda não haviam assumido o controle de nenhuma cidade ucraniana, nem do espaço aéreo ucraniano.
As forças russas "estão frustradas por (...) uma resistência ucraniana muito determinada que as conteve", insistiu, afirmando que "pelo que vemos, essa resistência é maior do que os russos anteciparam".
Ucrânia vai fechar fronteiras com a Rússia e Bielorrússia
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, disse hoje (26) que a Ucrânia vai fechar suas fronteiras para Rússia e a Bielorrússia. O anúncio foi feito em um vídeo publicado no Telegram, segundo informações da CNN Internacional.
Hoje mais cedo, o Exército da Rússia recebeu ordens para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia. O governo de Vladimir Putin chegou a pedir, segundo informações de veículos internacionais, que os ucranianos estimulem a Ucrânia a "remover imediatamente todo o armamento pesado das áreas urbanas".
Segundo Shyhal, apenas cidadãos da Ucrânia poderão cruzar essas fronteiras. O primeiro-ministro não informou, no entanto, quando o fechamento das fronteiras entra em vigor.
ONU afirma que 150 mil já deixaram Ucrânia
O Comissariado da Agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para Refugiados, Filippo Grandi, disse hoje que mais de 150 mil pessoas já deixaram a Ucrânia desde o início da guerra com a Rússia em direção a outros países. Metade dos refugiados foi para Polônia, mas Moldávia, Romênia, Hungria e Eslováquia também estão recebendo ucranianos desde o início da guerra, na quinta-feira, 24. Muitos deles estão passando horas para cruzar as fronteiras.
"O deslocamento na Ucrânia também está crescendo, mas a situação militar torna difícil estimar os números e fornecer ajuda", disse Grandi, em seu perfil no Twitter.
A ONU estima que o número de refugiados ucranianos pode chegar a 4 milhões dependendo da evolução do conflito. A agência para refugiados tem presença na Hungria, Polônia e Romênia. A Eslováquia e a República Tcheca são atendidas pelo escritório regional em Budapeste, capital húngara.
*Com informações da AFP e RFI
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